PERGUNTA: Que dizeis da prostituição, em face da vida espiritual?
RAMATIS: É indubitável ser a prostituição fruto proveniente de um mau comportamento espiritual
na matéria. Mas, também, não pode ser julgada e analisada exclusivamente por um
parâmetro único, porquanto, há inúmeros fatores de ordem social, financeira, econômica,
religiosa, política e patológica, que devem ser examinados, a fim de se julgar
o grau de maior ou menor nocividade dessa condição humana, simplesmente
qualificada como delito ou pecado, respectivamente, pela sociedade e pelas
religiões.
Ademais,
embora se diga que é a "profissão mais antiga do mundo", na
atualidade, é crescente o número de amadoristas que se entregam a uma prática
sexual algo criticável, mercenária ou puramente prazenteira, contribuindo, cada
vez mais, para desaparecer o profissionalismo da prostituição. Mas, perante as
leis espirituais, a prostituição é tão-somente mais uma condição que retarda a
ascese espiritual do ser pela demasiada vivência instintiva e sem objetos
definitivos para engrandecer cada vez mais o espírito do homem.
PERGUNTA: Há quem aponte a prostituição como a pior "chaga da civilização".
Que dizeis?
RAMATÍS: A pior chaga da civilização ainda nos parece a prática nefanda das guerras,
que massacram e mutilam agrupamentos humanos de velhos, mulheres, jovens, meninos
e até recém-nascidos, os quais mal entreabrem os olhos para a vida. Sob tal,
"chaga" ficam os rastros de sangue, vísceras humanas apodrecendo nos
campos verdejantes ou nas metrópoles civilizadas, enquanto os sobreviventes
gozam do direito de morrer, mais tarde, de fome, de epidemias funestas ou de
irradiações atômicas. Jamais uma prostituta fez tanto mal ao mundo, quanto os
puritanos religiosos que confeccionaram a bomba atômica e autorizaram seu
lançamento sobre Hiroschima; os armamentistas, cuja mercadoria industrial é a
destruição da própria carne humana; os monopolistas que centralizam até o
leite, o pão e a medicação em suas mãos avaras, com os lucros ilícitos que lhes
permitem o turismo incessante na "dolce vita" e, paradoxalmente,
também se prostituem nos "rendez-vous" de alto bordo.
DO
LIVRO: “SOB A LUZ DO ESPIRITISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO
CONHECIMENTO.
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