PERGUNTA: A Umbanda, enquanto expressão de
religiosidade, como espiritualismo em que se pratica o intercâmbio mediúnico com
desencarnados, só existe em solo brasileiro. Qual o motivo desse exclusivismo?
VOVÓ MARIA CONGA:
Essa situação é condizente com o carma coletivo do Brasil, pátria que abrigou
em seu fértil solo grande parte dos espíritos ligados à Inquisição. Inquisidores
vieram como escravos, e suas vítimas de outrora como" donos" da
terra, como se retomassem a posse dos bens confiscados. Aliado a isso, o fato
de a população indígena aqui presente, que também foi escravizada e
"catequizada" pelo homem branco, juntamente com os ritos africanistas
e a cultura católica dos colonizadores portugueses e espanhóis, e mais recentemente
o Espiritismo provindo da França de Kardec, terem demarcado o sentimento de religiosidade
dos brasileiros como se fosse uma grande colcha de retalhos.
Fez-se necessário um movimento religioso que abrigasse
harmoniosamente todas essas tendências que desaguaram no país, expurgando-se
definitivamente o carma negativo gerado pela intolerância e pela perseguição
religiosa do "Santo" Ofício inquisitorial. Sendo assim, reuniu-se uma
Alta Confraria Branca no Astral Superior, que planejou, com a permissão direta de
Jesus, o nascimento da Umbanda no solo dessa pátria chamada Brasil.
Todo esse movimento, aparentemente contraditório na
visão transitória dos homens impacientes, é abençoado resgate dos conhecimentos
mais antigos, da solidariedade e fraternidade que existiram na Terra de
antanho, e que está contribuindo decisivamente para a formação da mentalidade
universalista cristã prevista para se consolidar no futuro.
PERGUNTA: - Podemos afirmar que já existe uma
"identidade" umbandista, embora não haja um sistema doutrinário e
ritualístico codificado que propicie uniformidade para a Umbanda. Essa
identificação não se estende à maioria dos seus adeptos, que não se declaram de
fé ou crença umbandista, e sim de outras religiões, principalmente a católica. Por
que esse "receio"?
VOVÓ MARIA CONGA:
Em todos os povos e sociedades que já se formaram na Terra, têm os filhos
registros da utilização da magia. Desde as comunidades mais antigas e tribais,
os homens já se reuniam à volta do fogo e, com urros e danças agressivas, se preparavam
para a caçada. As forças cósmicas atuavam por meio da criação de formas
pensamentos emitidas pelo grupo nesse ritual à volta da fogueira, pois a mente
sempre foi e será geradora de magia, que por si só não é boa nem má, porque
está ligada à intenção de quem o gerou e não à magia em si, que pode ser
valioso instrumento de cura.
Ocorre que o conflito do "sagrado" católico
com o profano "herege" das crenças mágicas, foi igualmente criado
pelos homens em busca do domínio de sua religião sobre as coletividades. Pela
ancestralidade divina que vibra em todos, os filhos são por si só agentes mágicos,
já que a mente é um motor gerador de pensamentos que nunca cessa.
A Umbanda lida com a magia, manipula fluidos os mais
diversos e forças do Astral, tendo na comunicação com o Além e na chamada
mecânica de incorporação o alicerce de sua caridade na Terra. O mediunismo
ainda é visto como espécie de "culto de possessão", situação que não
se prende somente à Umbanda, pois se estende como um todo àquelas doutrinas e crenças
sustentadas pelo exercício da mediunidade.
Muitos dos líderes das religiões que atacam e perseguem
o intercâmbio com o Além estão intuídos por magos negros do Astral Inferior, e
não apresentam sinais visíveis dessa influenciação aos limitados olhos carnais.
A Umbanda, por ser mais observada a mecânica de incorporação em sessões de
caridade feitas à portas abertas e para todos que quiserem assistir, infelizmente,
ainda fica mais visível para o ataque das sombras.
Não importando a procedência do seu culto, o filho médium,
fervoroso em sua crença e dedicado trabalhador da caridade que cura e alenta,
na opinião desses perseguidores se encontrará "possuído pelos
demônios" no exercício da abençoada mediunidade. Esse tratamento injusto e
cruel das religiões para com a capacidade de comunicação com os espíritos
desencarnados foi marcando o inconsciente dos filhos, causando-lhes excessivo
receio ao longo de várias encarnações. Esquecem os homens, de memória curta
diante da perenidade das questões da Espiritualidade, que o mal ou o bem está
em cada um, situação que paira acima das religiões, crenças e doutrinas da
Terra e não se subordina diretamente a quaisquer mediunismos.
Rendamos graças a Oxalá, pois cada vez mais essas
incompreensões estão se desfazendo. O tempo a todos educará na união e
tolerância amorosa que prepondera no Cosmo.
Do
livro: “Evolução No Planeta Azul” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto –
Editora do Conhecimento.
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