PERGUNTA: Gostaríamos de algum exemplo concreto a respeito!
RAMATÍS: Supondo-se que doze pessoas se reúnem para a tradicional sessão mediúnica
num aposento a portas e janelas fechadas, após alguns minutos sentir-se-ão hipersensíveis
pelos sentidos do olfato e da audição, passando a perceber todos os odores,
ruídos e sutilezas do ambiente. Captam o cheiro do pó do assoalho, das toalhas
lavadas com detergente, ou das flores exalando o anidrido carbônico e de sua
água poluída; pressentem o mofo das cadeiras, portas, janelas e da madeira da
própria mesa. Há, ainda, o odor do tapete de "congoleum" (linóleo) ou
de cordas empoeiradas, do couro ou da palha das cadeiras, dos livros envelhecidos,
da pintura recente das paredes, de objetos e cousas particulares!
Mas
ainda manifestam-se outros indícios e impressões olfativas que são próprias das
pessoas presentes; cheiro de roupa seca ou molhada, de algodão,
"nylon", brim ou casimira; de graxa ou do couro novo dos sapatos, dos
pés, das axilas, de pomadas, gomas e tinturas de cabelos, desinfetante de
roupas, hálito de cebolas, alhos e ingredientes de cozinha, o perfume barato,
ou o bafio do aperitivo e demais odores próprios do corpo físico, em noites de
calor. Acrescente-se, ainda, o residual inerente a certas profissões de cada
indivíduo, como seja a de pintor, tintureiro e outras; e também o cheiro forte
dos fumantes de cigarros ou de charutos.
No
entanto, os espíritas, temerosos de cultivarem dogmas ou superstições infantis,
preferem suportar todos esses odores desagradáveis, que se interpõem durante a
concentração junto à mesa kardecista, em vez de substituí-los facilmente por um
só perfume ou odor fragrante, agradável e inspirativo, que se exala do
defumador e jamais desmente qualquer princípio doutrinário do Espiritismo. É o
que fazem os esoteristas, teosofistas, rosacrucianos, iogues, umbandistas e católicos,
que optam pelo odor espiritualmente sugestivo de um defumador, em vez de
saturar o olfato com cheiros desagradáveis, e que além de causarem a
desconcentração, nada têm de inspirativos!
A
defumação em trabalhos espiritualistas não é crendice ou superstição tola, mas,
sim, um recurso técnico inteligente de profilaxia vibratória e de favorecimento
no campo da inspiração. Não é ilusão ou crença ingênua perfumar o ambiente para
a comunicação elevada com o Além, pois o perfume é realmente uma das mais
apuradas composições energéticas produzidas pelo éterfísicosob elevada
vibração.
PERGUNTA: - Qual é o motivo por que os pretos-velhos tanto se
utilizam do fumo nos trabalhos de terreiros?
RAMATÍS: Em face da
multiplicidade de plantas que nascem prodigamente no vosso país, existem
espécies que podem ser aplicadas a quaisquer tipos de trabalhos de socorro e cura
espiritual. Elas fornecem as energias psicofísicas, que comumente são
deficitárias aos médiuns inexperientes. O fumo é a erva mais tradicional da
terapêutica psíquica praticada nos terreiros pelos pretos-velhos e caboclos, os
quais logravam curas surpreendentes, na sua aplicação terapêutica, no tempo da
escravidão.
Fisicamente, é uma erva originária da América, portadora do
alcalóide "nicotina tabacum", que excita os nervos, provoca
contrações dos intestinos e vasos sangüíneos, aumentando a pressão arterial. É
uma planta narcótica; e o órgão mais prejudicado é o cérebro, devido à
intoxicação do sistema neuroespinhal. Mesmo sob a forma comum de cigarro, os homens
podem pressentir a ação pronunciada do fumo atuando no mundo oculto, enquanto
algumas cerebrações terrenas o condenam como um vício desprezível, outras,
paradoxalmente, o elogiam como catalisador do psiquismo humano! 1
1 - Dizia Richet: "O tabaco é um hábito estúpido, ao
qual me sinto preso!" François Coppé, que fumava fanaticamente, assim se
expressava: "Embora o tabaco me faça mal, eu o considero como um estimulante
do trabalho e do sonho", E Victor Hugo completa esse parecer: "O
tabaco muda o pensamento em sonho. O pensamento é o trabalho da inteligência, o
sonho a sua voluptuosidade. Ai daquele que, do pensamento, deixa-se cair no
sonho, pois substituir o pensamento pelo sonho, é confundir o veneno com um
alimento".
O
fumo, ou tabaco, condensa forte carga etérea e astralina, que ao ser libertada
na queima ou defumação, pelo mago, "pai-de-santo" ou espíritos
entendidos, liberta energias que atuam positivamente no mundo oculto. Os
pretos-velhos, tarimbados na velha magia africana, concentram o campo de forças
do tabaco incinerado, e através do sopro praticam uma espécie de "ionização"
rudimentar, mas proveitosa e capaz de acelerar a função catalisadora do
perispírito.
Do Livro: “Magia de Redenção” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do
Conhecimento.
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