Sabedoria Ramatis

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quinta-feira, 26 de junho de 2014

O caráter obsessivo do fumo




RAMATÍS:  Quereis prova evidente da ação obsessiva do fumo?
Refleti que o fumante inveterado se pode resignar a passar longo tempo sem comer, e às vezes até sem beber, mas descontrola-se e s desespera com a falta do cigarro! A falta de satisfação desse vício  deixa-o completamente angustiado, com o psiquismo em estado de  excitação incontrolável; o seu desejo é terrivelmente obsessivo fumar! E essa ação obsessiva e oculta, do tabaco, recrudesce à medida que o indivíduo se descuida do seu comando psíquico após abrir as portas de sua vontade a tal hóspede indesejável.
Pouco a pouco, o fumante já não mais se satisfaz com 10 ou 20 cigarros diariamente; ele então aumenta a quantidade para 30, 40 ou mais, tornando-se cada vez mais viciado, porém nunca saciado! Então procura diminuir a ação tóxica do fumo por meio de filtros modernos, de piteiras especiais, ou se devota ao uso do cachimbo elegante, iludido pela inofensividade do fumo cheiroso, manufaturado ardilosamente, com fins comerciais, para disfarçar o seu efeito nocivo.
E assim o fumante cria em torno de si um ambiente ridículo que encheria de inveja os velhos caciques mastigadores de tabaco!
Para atender à implacável exigência do “senhor” tabaco, o fumante gasta uma parte das suas economias na aquisição de cigarros;comumente vive irritado devido ao defeito do acendedor automático, que ora está com falta de combustível, ora exige nova pedrinha de  isqueiro. Quando fuma cachimbo, carrega ao sair de casa estojo apropriado para a guarda do instrumento de holocausto ao deus tabaco, mune-se de limpador de tubo do cachimbo, lata para fumo, ou então leva consigo o cortador de charutos, a cigarreira incômoda ou um punhado de filtros de piteira! Ante a perspectiva de uma viagem de um piquenique ou de uma visita, o que primeiro o preocupa é o fumo! Se ele faltar, não importarão sacrifícios, pois, se preciso for, o fumante viajará até a cidade, perderá o almoço ou subestimará a ceia nutritiva, mas de modo algum arriscar-se-á a ficar com falta de inseparável aumentador do vício que o domina.

Submetendo-se passivamente a esse obsessor imponderável que lhe comanda o psiquismo, ele suja de cinza as vestes, os tapetes, as toalhas e as roupas de cama, deixando a sua marca nicotinizada pelos lugares onde perambula. De vez em quando, corre a apagar um princípio de incêndio, cuja origem foi o descuido em atirar o fósforo aceso, que caiu sobre a poltrona luxuosa, ou então, o toco de cigarro caído sobre o tapete ou a toalha da mesa. Até a tapera deserdada o fogo pode destruir, devido ao vício do fumo e ao uso do tição com que o sertanejo acende o seu “caipira”.
Conforme asseguram as estatísticas das companhias de seguros, os incêndios comprovam um terço de culpa dos fumantes inveterados. E indubitável que só pode ser de natureza obsessiva esse hábito nefasto e que faz o fumante perder até o senso lógico da prudência e pôr em perigo a sua própria vida.
O fumante que perde o seu controle mental na queima do fumo entre os lábios displicentes já é um obsidiado malgrado se queira isentar o tabaco de qualquer ofensividade. Quantos fumantes, à hora do repouso no leito amigo, se afligem ao verificar que lhes falta o cigarro, a ponto de não trepidarem em enfrentar intempéries ou noites avançadas para sair em busca do seu cérebro cruel! Mal lhes desce o café ao estômago e o vício já lhes impõe o desejo de fumar; mal abandonam as cobertas do leito para a costumeira higiene dental, e o maço de cigarros, da  mesa de cabeceira, é o primeiro objeto a passar-lhes para o bolso do pijama!

 Ramatís - FISIOLOGIA DA ALMA

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