PERGUNTA:
E quais os livros que esses médiuns incipientes deveriam compulsar para
dominarem a interferência anímica e progredirem no trato das relações com o
Além?
RAMATIS: Não
preconizamos que seja necessário ao médium iletrado ou muito anímico tomar-se
um gênio ou irrepreensível autodidata, para só então corresponder aos objetivos
e à responsabilidade de sua tarefa mediúnica. Mas a verdade inconteste é que
boa porcentagem dos médiuns é Mediunismo displicente e cristaliza-se durante
vários anos hipnotizada à ala própria ignorância, enquanto confunde os seus
conceitos vulgares com os elevados e inteligentes postulados de salvação do
próximo. O médium sinceramente devotado à causa espírita procura elevar o seu nível
intelectual pelo estudo das obras da doutrina, mas também ausculta-se
continuamente para identificar na própria alma as paixões e trivialidades que
lhe emolduram prejudicialmente as comunicações mediúnicas. Só depois de
conhecer-se a si mesmo é que ele está em condições de corrigir o próximo.
Certos
médiuns justificam a sua alergia à leitura alegando a impossibilidade de aquisição
de livros de esclarecimento científico ou filosófico, porque são excessivamente
pobres e trabalham exaustivamente para o sustento da família. Acontece, porém,
que eles devoram o conteúdo de milhares de revistas improdutivas, folhetins
aventurescos, contos policiais ou jornais de esporte. As horas que lhes sobejam
nos dias de descanso ou férias eles gastam colados aos rádios ouvindo novelas
xaroposas e sentimentalistas, por vezes inconvenientes. Os médiuns masculinos
perdem longas horas no cafezinho da esquina, alimentando a palestra inútil; os médiuns
femininos consomem longo tempo em demorados "tête-à-tête" com a
vizinha mais próxima, no comentário das histórias dramáticas das vizinhas mais
distantes.
Como não
há regra sem exceção, alguns médiuns, se bem que iletrados e ignorantes dos
recursos de sua própria mente, alcançam admiráveis resultados no seu
intercâmbio medianímico com o Além. Alguns deles são bastante sensatos e servem
satisfatoriamente aos desencarnados, pois elevam o nível mental dos
companheiros pelas transmissões de excelentes roteiros espirituais. Mas o
fenômeno explica-se com facilidade, porque nesse caso trata-se de espíritos experimentados
e donos de elevado conhecimento filosófico e salutar entendimento psicológico, o
que lhes permite transmitir o pensamento dos desencarnados em nível de
compreensão superior. Embora sejam anímicos, são tão utilíssimos para os frequentadores
neófitos como se realmente comunicassem espíritos desencarnados, pois sua memória
pregressa é rica de conhecimentos espirituais e aviva-se sob o clima espírita. Mas
ainda são poucos os médiuns intuitivos que podem distinguir onde termina a
fronteira do seu subconsciente e principia a área da fenomenologia mediúnica.
Os
médiuns, que são criaturas imperfeitas, por vezes caem em contradições
flagrantes e desmoralizam o conceito público da mediunidade, principalmente
quando copiam, no ambiente espírita, algo das competições do mundo profano. Alguns
precipitam-se em dar o furo mediúnico, como acontece na competição
jornalística, mas o fazem de modo imprudente, como no caso que citastes em
vossa primeira pergunta de hoje. Inconscientemente eles carreiam os apodos e as
críticas contra a codificação de Allan Kardec, o qual, com muito bom senso, advertiu
"que seria melhor rejeitar 99 verdades a aceitar uma só mentira na
doutrina espírita".
Através
dos recursos do hipnotismo, pode-se implantar uma ideia fixa ou uma ordem incondicional
no "sujet" hipnotizado, à qual ele obedece depois de acordado, tal
como lhe tenha sido ordenado. Este fato é muito conhecido entre os
hipnotizadores pelo "signo sinal". Do mesmo
modo, os que são médiuns, mas facilmente sugestionáveis, também se transformam no
"sujet" capaz de viver no transe mediúnico todas as idéias e
fantasias que o tenham impressionado fortemente no estado de vigília. Na
verdade, eles também são comandados por um "signo sinal" que lhes é
imposto pelo próprio subconsciente.
DO
LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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