Sabedoria Ramatis

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A sugestão e a imaginação nas comunicações mediúnicas – 3ª Parte






PERGUNTA:  Quais são os recursos ou as providências mais aconselháveis para ajudar esses tipos de médiuns tão imaginativos a se tornarem eficientes e menos anímicos, mais reais e menos fantasiosos, evitando-se os casos de falsas comunicações mediúnicas inspiradas pelas notícias trágicas dos jornais? Embora não pretendamos julgar os médiuns vítimas dessas incongruências, cremos que tais acontecimentos sempre abalam a crença espírita dos neófitos e dão azo a muita crítica mordaz; não é assim?

RAMATÍS:  Ante a vossa indagação, só podemos insistir fastidiosamente na tecla batidíssima de que só há um caminho para qualquer médium lograr o melhor êxito no seu trabalho mediúnico é o estudo incessante aliado à disciplina moral superior. O Espiritismo explica que não existem privilégios por parte de Deus para qualquer de seus filhos; em seu seio é inaceitável o milagre ou a magia, que contrariam a disciplina das leis siderais. Deste modo, nenhum médium ignorante, fantasioso ou anímico transformar-se-á em um instrumento sensato, inteligente e arguto, se não o fizer pelo estudo ou próprio esforço de ascensão espiritual. Não contrariamos a tese de que é preferível o médium analfabeto, ingênuo e imaginativo, mas dotado de virtudes cristãs sublimes, ao médium intelectivo, culto e desembaraçado, porém vaidoso, mal intencionado ou interesseiro. Mas é evidente que ainda é melhor o médium humilde, bom e desinteressado, mas estudioso das obras espíritas e dos bons compêndios profanos, que se imuniza contra os automatismos psicológicos, as sugestões alheias e as interferências anímicas.

Atualmente o homem não precisa nascer em berço privilegiado para ser culto, pois as facilidades modernas do livro, da revista e dos métodos pedagógicos através de cursos radiofônicos ou de correspondência, desmentem os que por displicência alegam dificuldade para se educar. Aliás, já nem é preciso enxergar para ler, pois até os cegos já dispõem de vasta biblioteca em "braille". Alguns médiuns avessos à leitura abandonam-se à fama voluptuosa e cômoda de que são excelentes medianeiros, embora analfabetos. No entanto, o certo é que o fazem mais por preguiça e desinteresse do seu progresso intelectivo e espiritual. Todo ser convocado para contribuir mediunicamente junto à mesa espírita deve se reconhecer uma criatura endividada procedendo à colheita dos frutos espinhosos da sementeira imprudente do passado. Sob tal condição, ela assume graves compromissos para com os seus benfeitores desencarnados, assim como é responsável pela própria renovação moral, intelectiva e espiritual.
O primeiro dever do médium analfabeto ou inculto é justamente o de alfabetizar-se e procurar adquirir cultura, lembrando-se de que o sacrifício inicial, para isso, pode ser uma imposição do seu próprio carma muito gravoso. Não se justifica no seio do Espiritismo o velho e cômodo sistema, muito de gosto de alguns médiuns ou doutrinadores displicentes, de justificarem a sua ociosidade mental com a esfarrapada desculpa de possuírem a inata intuição, sensata e certa, de todas as coisas, sem qualquer conhecimento das obras espíritas. Os mais ingênuos ainda acrescentam que o seu vasto conhecimento intuitivo os dispensa atualmente de qualquer novo aprendizado doutrinário, pois é fruto do seu contato com o Espiritismo em vidas anteriores.
Sem dúvida, todos os homens nascem analfabetos, mas todos precisam aprender a ler. Uma vez que as próprias crianças conseguem alfabetizar-se, é evidente que isso ainda será bem mais fácil para os adultos, que já possuem maior desenvolvimento e acuidade mental. Inconscientes do seu ridículo, aqueles que se blasonam de ser iletrados, mas inatamente cultos, sentam-se às mesas espíritas e lançam torrentes de sandices e exortações prenhes de lugares comuns à conta de brilhante tese filosófica sobre a doutrina espírita.

DO LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.

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