PERGUNTA: Quais são os recursos ou as providências mais aconselháveis para
ajudar esses tipos de médiuns tão imaginativos a se tornarem eficientes e menos
anímicos, mais reais e menos fantasiosos, evitando-se os casos de falsas comunicações
mediúnicas inspiradas pelas notícias trágicas dos jornais? Embora não pretendamos
julgar os médiuns vítimas dessas incongruências, cremos que tais acontecimentos
sempre abalam a crença espírita dos neófitos e dão azo a muita crítica mordaz;
não é assim?
RAMATÍS: Ante a vossa indagação, só podemos
insistir fastidiosamente na tecla batidíssima de que só há um caminho para
qualquer médium lograr o melhor êxito no seu trabalho mediúnico é o estudo
incessante aliado à disciplina moral superior. O Espiritismo explica que não
existem privilégios por parte de Deus para qualquer de seus filhos; em seu seio
é inaceitável o milagre ou a magia, que contrariam a disciplina das leis
siderais. Deste modo, nenhum médium ignorante, fantasioso ou anímico transformar-se-á
em um instrumento sensato, inteligente e arguto, se não o fizer pelo estudo ou
próprio esforço de ascensão espiritual. Não
contrariamos a tese de que é preferível o médium analfabeto, ingênuo e imaginativo,
mas dotado de virtudes cristãs sublimes, ao médium intelectivo, culto e desembaraçado,
porém vaidoso, mal intencionado ou interesseiro. Mas é evidente que ainda é melhor
o médium humilde, bom e desinteressado, mas estudioso das obras espíritas e dos
bons compêndios profanos, que se imuniza contra os automatismos psicológicos,
as sugestões alheias e as interferências anímicas.
Atualmente
o homem não precisa nascer em berço privilegiado para ser culto, pois as facilidades
modernas do livro, da revista e dos métodos pedagógicos através de cursos
radiofônicos ou de correspondência, desmentem os que por displicência alegam
dificuldade para se educar. Aliás, já
nem é preciso enxergar para ler, pois até os cegos já dispõem de vasta biblioteca
em "braille". Alguns médiuns avessos à leitura abandonam-se à fama
voluptuosa e cômoda de que são excelentes medianeiros, embora analfabetos. No
entanto, o certo é que o fazem mais por preguiça e desinteresse do seu
progresso intelectivo e espiritual. Todo ser convocado para contribuir
mediunicamente junto à mesa espírita deve se reconhecer uma criatura endividada
procedendo à colheita dos frutos espinhosos da sementeira imprudente do
passado. Sob tal condição, ela assume graves compromissos para com os seus benfeitores
desencarnados, assim como é responsável pela própria renovação moral,
intelectiva e espiritual.
O primeiro
dever do médium analfabeto ou inculto é justamente o de alfabetizar-se e procurar
adquirir cultura, lembrando-se de que o sacrifício inicial, para isso, pode ser
uma imposição do seu próprio carma muito gravoso. Não se justifica no seio do
Espiritismo o velho e cômodo sistema, muito de gosto de alguns médiuns ou
doutrinadores displicentes, de justificarem a sua ociosidade mental com a
esfarrapada desculpa de possuírem a inata intuição, sensata e certa, de todas
as coisas, sem qualquer conhecimento das obras espíritas. Os mais ingênuos
ainda acrescentam que o seu vasto conhecimento intuitivo os dispensa atualmente
de qualquer novo aprendizado doutrinário, pois é fruto do seu contato com o
Espiritismo em vidas anteriores.
Sem
dúvida, todos os homens nascem analfabetos, mas todos precisam aprender a ler. Uma
vez que as próprias crianças conseguem alfabetizar-se, é evidente que isso
ainda será bem mais fácil para os adultos, que já possuem maior desenvolvimento
e acuidade mental. Inconscientes
do seu ridículo, aqueles que se blasonam de ser iletrados, mas inatamente cultos,
sentam-se às mesas espíritas e lançam torrentes de sandices e exortações
prenhes de lugares comuns à conta de brilhante tese filosófica sobre a doutrina
espírita.
DO
LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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