PERGUNTA: As entidades de Yori, ditas crianças, quando
incorporadas, brincam, chupam balas, se lambuzam de doces e fazem peraltices.
Essa é a magia desse orixá?
VOVÓ MARIA CONGA:
- Os filhos se veem anestesiados na guerra que é a vida no vaso da matéria. É a
luta pelo pão diário; são os pequeninos em casa para educar e sustentar, o
chefe que impõe carga horária excessiva no trabalho, os longos e cansativos deslocamentos
nas grandes cidades, enfim, as intrigas, embates, ciúmes, competições modernas,
que se não levam os filhos a pegar em armas como antigamente, induzem-nos aos instintos
animalescos de preservação como se fosse para manter o território do clã das
velhas tribos. Essa corrida louca desequilibra lares e vidas pela acirrada
concorrência que o espaço a ser conquistado na sociedade contemporânea impõe
aos filhos de todas as classes e culturas, sendo que especialmente para os
pobres do bolso, desprovidos das moedas mundanas, injunções fortíssimas do
instinto de sobrevivência ameaçado, os levam ao roubo e à criminalidade armada.
Muitos há que caem diante desses percalços, encaminhando-se às estradas dos
vícios variados e ao morticínio para satisfazê-los.
Tão vasto campo de batalha pela vida favorece os
condicionamentos milenares que estão no inconsciente dos filhos, e, além
daqueles que são levados por mentes dominadoras para o caminho dos desvios aos
valores morais superiores, há os que planejam enriquecimento ilícito, bem situados
na sociedade perante os homens, e que estabelecem os grandes assaltos e o comércio
das drogas destruidoras. Diante do exposto, um terreiro de Umbanda é alento às
almas atordoadas. No exercício da caridade desinteressada, as falanges
benfeitoras do orixá Yori trazem momentos de resgate da pureza espiritual a
todos, pois assim como o mestre Jesus espargia luz indistintamente a todos que
lhe estavam ao alcance da aura quilométrica, também dessa forma agem tais entidades.
Por determinações superiores, compartilham suas vibrações sutilizadas,
conduzindo todos os circunstantes, médiuns e consulentes, a um momento de
felicidade tranqüila e serena, qual sentimento de beatitude que arrebatava
aqueles que escutavam as doces palavras de alento do Cristo-Jesus.
As entidades que labutam na Umbanda na faixa de Yori
se apresentam em formas astrais infantis, de crianças, sendo em sua maioria
espíritos puros, do bem. Por intermédio das suas vibrações de pureza e
inocência espiritual, imprimem sutilíssimas impressões em todos os que lhes
estão no raio de ação. Vinculam-se ao psiquismo dos aparelhos mediúnicos, a fim
de lograrem rebaixamento vibracional para realizarem a magia que lhes é
destinada. Conseguem
atuar nos sítios energéticos etéricos e astrais da
natureza com grande desenvoltura, pois, por serem puros, "crianças
espirituais", estando totalmente desvinculados dos apelos inferiores tão comuns
aos filhos retidos no ciclo carnal, são grandes magos junto aos imaculados
espíritos da natureza.Desfazem e neutralizam qualquer energia enfermiça. Por
isso, é de uso comum nos terreiros o aforismo popular "o que os filhos das
trevas fazem, qualquer criança desfaz para o bem". Essas entidades, quando
incorporadas, falam de maneira mansa, dando a impressão de serem infantis,
induzindo os ouvintes a resgatarem em si a pureza espiritual há muito esquecida.
Muitas provêem de estâncias cósmicas ainda inimagináveis aos filhos na Terra.
Quanto a esses amigos espirituais "fazerem"
seus médiuns brincarem, comerem balas, doces e fazerem outras peraltices, isso
é de somenos importância diante do bem-estar que causam. Claro está que por
serem de alta envergadura espiritual, tais "infantilidades" não corroboram
a pureza espiritual infantil com que se apresentam. De maneira infeliz, alguns médiuns
aligeiram-se em chamar as atenções, e atravessadamente, com rompantes anímicos,
apoiados por diretores encarnados que em azáfama vaidosa, à maneira de pavão,
querem mostrar as caudas em leque, se deixam levar por extravagâncias
dispensáveis como a de se lambuzarem as faces e cabelos com doces e guloseimas.
Contudo, afora algumas reações mais impetuosas de poucos, simbolicamente nesses
eventos, a Espiritualidade mostra a importância de todos se manterem crianças
espirituais, pois o tornar-se adulto na carne leva os filhos a serem
taciturnos, dissimulados, frios e distantes do amor fraternal que a todos
abriga no Cosmo.
Há de se distinguir que a Umbanda, em sua popularidade,
arregimentou várias festividades religiosas dos homens, em especial as ligadas
ao Catolicismo, como mãe que a todos acolhe. Sendo assim, as armações festivas
em várias datas "santas", que não são verdadeiramente da Umbanda, mas
decorrentes do sincretismo religioso, como nas ocasiões de São Cosme e São
Damião, servem de instrumento para a união e alegria entre os filhos, que se movimentam
com dedicação esmerada nessas ocasiões. Entre uma Umbanda fria e distante dos filhos
e uma Umbanda de festividades, fiquemos com a segunda, mesmo que com alguns exageros
folclóricos de certos médiuns e terreiros.
Essas oportunidades de encontro, divertidas, dão
ensejo aos filhos simples e puros nos corações que diariamente adentram os
terreiros de Umbanda aos milhares, de tirarem a "armadura" da guerra
da vida, e se entregarem como crianças nas brincadeiras entre "amiguinhos",
que desobstrui a mente das mazelas da sociedade que tiraniza as confraternizações
desinteressadas, subjugando-as aos valores modernos de gozos e prazeres materiais.
Consideremos que igualmente se desopilam da falsa racionalidade imposta como "disciplina"
de conduta com as coisas divinas, aliviando o espírito das contrições culposas pelas
"faltas" pecaminosas cometidas em vida, e que marcaram as entranhas
do inconsciente dos filhos, registrando no psiquismo legítimo terror infernal
em relação às lides além-sepultura, imposição das religiões ditas cristãs ao
longo dos tempos e que ainda verificamos em muitas doutrinas recentes entre os
homens.
A espontaneidade com as coisas espirituais também está
em se ter alegria e bom humor, e rotineiramente temos ocasiões
"sociais" em espírito, onde as brincadeiras inocentes são forma de
descontração. Se há exageros nessas solenidades terrenas, e se na opinião de
muitos filhos tenha de haver dor, sofrimento e compungimento lacrimoso para o
trato com as coisas divinas, não é por conta dos espíritos benfeitores da
Terra, mas única e exclusivamente pelas mentes doentias e enfermiças dos
encarnados.
Do
livro: “Evolução No Planeta Azul” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto –
Editora do Conhecimento
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