Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Orixás - vibrações cósmicas – X Parte






PERGUNTA:  As entidades de Yori, ditas crianças, quando incorporadas, brincam, chupam balas, se lambuzam de doces e fazem peraltices. Essa é a magia desse orixá?


VOVÓ MARIA CONGA: - Os filhos se veem anestesiados na guerra que é a vida no vaso da matéria. É a luta pelo pão diário; são os pequeninos em casa para educar e sustentar, o chefe que impõe carga horária excessiva no trabalho, os longos e cansativos deslocamentos nas grandes cidades, enfim, as intrigas, embates, ciúmes, competições modernas, que se não levam os filhos a pegar em armas como antigamente, induzem-nos aos instintos animalescos de preservação como se fosse para manter o território do clã das velhas tribos. Essa corrida louca desequilibra lares e vidas pela acirrada concorrência que o espaço a ser conquistado na sociedade contemporânea impõe aos filhos de todas as classes e culturas, sendo que especialmente para os pobres do bolso, desprovidos das moedas mundanas, injunções fortíssimas do instinto de sobrevivência ameaçado, os levam ao roubo e à criminalidade armada. Muitos há que caem diante desses percalços, encaminhando-se às estradas dos vícios variados e ao morticínio para satisfazê-los.
Tão vasto campo de batalha pela vida favorece os condicionamentos milenares que estão no inconsciente dos filhos, e, além daqueles que são levados por mentes dominadoras para o caminho dos desvios aos valores morais superiores, há os que planejam enriquecimento ilícito, bem situados na sociedade perante os homens, e que estabelecem os grandes assaltos e o comércio das drogas destruidoras. Diante do exposto, um terreiro de Umbanda é alento às almas atordoadas. No exercício da caridade desinteressada, as falanges benfeitoras do orixá Yori trazem momentos de resgate da pureza espiritual a todos, pois assim como o mestre Jesus espargia luz indistintamente a todos que lhe estavam ao alcance da aura quilométrica, também dessa forma agem tais entidades. Por determinações superiores, compartilham suas vibrações sutilizadas, conduzindo todos os circunstantes, médiuns e consulentes, a um momento de felicidade tranqüila e serena, qual sentimento de beatitude que arrebatava aqueles que escutavam as doces palavras de alento do Cristo-Jesus.
As entidades que labutam na Umbanda na faixa de Yori se apresentam em formas astrais infantis, de crianças, sendo em sua maioria espíritos puros, do bem. Por intermédio das suas vibrações de pureza e inocência espiritual, imprimem sutilíssimas impressões em todos os que lhes estão no raio de ação. Vinculam-se ao psiquismo dos aparelhos mediúnicos, a fim de lograrem rebaixamento vibracional para realizarem a magia que lhes é destinada. Conseguem
atuar nos sítios energéticos etéricos e astrais da natureza com grande desenvoltura, pois, por serem puros, "crianças espirituais", estando totalmente desvinculados dos apelos inferiores tão comuns aos filhos retidos no ciclo carnal, são grandes magos junto aos imaculados espíritos da natureza.Desfazem e neutralizam qualquer energia enfermiça. Por isso, é de uso comum nos terreiros o aforismo popular "o que os filhos das trevas fazem, qualquer criança desfaz para o bem". Essas entidades, quando incorporadas, falam de maneira mansa, dando a impressão de serem infantis, induzindo os ouvintes a resgatarem em si a pureza espiritual há muito esquecida. Muitas provêem de estâncias cósmicas ainda inimagináveis aos filhos na Terra.
Quanto a esses amigos espirituais "fazerem" seus médiuns brincarem, comerem balas, doces e fazerem outras peraltices, isso é de somenos importância diante do bem-estar que causam. Claro está que por serem de alta envergadura espiritual, tais "infantilidades" não corroboram a pureza espiritual infantil com que se apresentam. De maneira infeliz, alguns médiuns aligeiram-se em chamar as atenções, e atravessadamente, com rompantes anímicos, apoiados por diretores encarnados que em azáfama vaidosa, à maneira de pavão, querem mostrar as caudas em leque, se deixam levar por extravagâncias dispensáveis como a de se lambuzarem as faces e cabelos com doces e guloseimas. Contudo, afora algumas reações mais impetuosas de poucos, simbolicamente nesses eventos, a Espiritualidade mostra a importância de todos se manterem crianças espirituais, pois o tornar-se adulto na carne leva os filhos a serem taciturnos, dissimulados, frios e distantes do amor fraternal que a todos abriga no Cosmo.
Há de se distinguir que a Umbanda, em sua popularidade, arregimentou várias festividades religiosas dos homens, em especial as ligadas ao Catolicismo, como mãe que a todos acolhe. Sendo assim, as armações festivas em várias datas "santas", que não são verdadeiramente da Umbanda, mas decorrentes do sincretismo religioso, como nas ocasiões de São Cosme e São Damião, servem de instrumento para a união e alegria entre os filhos, que se movimentam com dedicação esmerada nessas ocasiões. Entre uma Umbanda fria e distante dos filhos e uma Umbanda de festividades, fiquemos com a segunda, mesmo que com alguns exageros folclóricos de certos médiuns e terreiros.
Essas oportunidades de encontro, divertidas, dão ensejo aos filhos simples e puros nos corações que diariamente adentram os terreiros de Umbanda aos milhares, de tirarem a "armadura" da guerra da vida, e se entregarem como crianças nas brincadeiras entre "amiguinhos", que desobstrui a mente das mazelas da sociedade que tiraniza as confraternizações desinteressadas, subjugando-as aos valores modernos de gozos e prazeres materiais. Consideremos que igualmente se desopilam da falsa racionalidade imposta como "disciplina" de conduta com as coisas divinas, aliviando o espírito das contrições culposas pelas "faltas" pecaminosas cometidas em vida, e que marcaram as entranhas do inconsciente dos filhos, registrando no psiquismo legítimo terror infernal em relação às lides além-sepultura, imposição das religiões ditas cristãs ao longo dos tempos e que ainda verificamos em muitas doutrinas recentes entre os homens.
A espontaneidade com as coisas espirituais também está em se ter alegria e bom humor, e rotineiramente temos ocasiões "sociais" em espírito, onde as brincadeiras inocentes são forma de descontração. Se há exageros nessas solenidades terrenas, e se na opinião de muitos filhos tenha de haver dor, sofrimento e compungimento lacrimoso para o trato com as coisas divinas, não é por conta dos espíritos benfeitores da Terra, mas única e exclusivamente pelas mentes doentias e enfermiças dos encarnados.


Do livro: “Evolução No Planeta Azul” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento

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