Sabedoria Ramatis

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ORIENTAÇÃO SOBRE A CONTINÊNCIA SEXUAL POR PARTE DO MÉDIUM.



PERGUNTA:  A continência sexual, por parte do médium que presta serviço aos espíritos superiores, ajuda-o a melhorar o seu desempenho mediúnico? Isso apura-lhe o psiquismo e o favorece para o melhor intercâmbio vibratório com os seus comunicantes?



RAMATÍS:  É de senso comum que Deus não estatuiu o ato sexual como uma prática deprimente e capaz de rebaixar o ser humano quando precisa cumprir os seus deveres procriativos. É função técnica importantíssima para a continuidade da vida física nos orbes planetários, ensejando o acasalamento das forças criadoras do mundo espiritual com as energias instintivas do mundo da carne. Não é função impura ou censurável, quando desempenhada com esse objetivo nobre. Constitui-se, pois, no processo prodigioso que materializa e plasma na face do planeta a vida em todas as suas manifestações animais, ensejando a instrumentação de que o espírito necessita para apurar o seu raciocínio e entendimento espiritual. Não há dúvida de que o mais certo, perante as leis de alta espiritualidade, seria a relação sexual exercida somente em função procriadora, nas épocas devidamente apropriadas para o êxito da nova vida.

No entanto, o temperamento instintivo dos homens terrenos, ainda instável no limiar da vida animal e do mundo angélico, acicata-os à procura de gozos às vezes insaciáveis e os escraviza às paixões violentas, transformando o ato sexual numa fonte contínua de prazeres que retarda a ventura espiritual. O comportamento sexual do homem terreno ainda é muito aberrativo e desatinado, em face de sua incapacidade para governar o seu instinto animal inferior, mormente se se levar em conta que o animal, entidade primitiva, é um fiel seguidor das leis da procriação. Narra-vos a história o paradoxo de espíritos lúcidos, geniais e boníssimos, que desceram ao nível mais degradante da escala sexual, sem poder dominar a força primitiva do instinto animal desgovernado.

Mas não se pode condená-los por isso, pois mesmo as almas com certa prevalência espiritual sobre o físico, na sua atividade incomum na propagação dos valores superiores, por vezes são apanhadas de surpresa pela força inflamante da carne, que já supunham superada.

Mesmo para o santo descido das alturas do Paraíso, Jesus lançou a sua imorredoura recomendação:"Orai eVigiai". Embora os vícios ou as paixões residam na própria alma e se projetem no cenário físico através da carne, a vida exige que o espírito comande a matéria, em cujo trabalho nem sempre consegue lograr o êxito espiritual desejado. Algumas almas de grau superior perturbam-se no trato com o potencial vigoroso das forças sexuais, embora depois sofram terrivelmente em sua consciência já desperta e se mostrem desapontadas para consigo mesmas. Lembram a hipótese de um homem que, vestindo um traje branco e precisando descer à mina de carvão, contamina-se pelo pó de carvão toda vez que se descuida.


Alguns espíritos benfeitores e regrados, quando do seu retorno às esferas paradisíacas, curtem a dor veemente do seu comportamento sexual contraditório no mundo físico. Embora se tenham devotado a todas as formas do Bem, não puderam controlar os ascendentes biológicos que os impeliam à satisfação sexual desatinada. Em face do seu grau sideral, e devido ao sincero exame crítico de suas próprias consciências, tiveram de reconhecer a sua debilidade no trato aberrativo da prática sexual no mundo físico. No entanto, ser-lhes-ia ainda mais prejudicial o falso puritanismo da contenção sexual semelhante à panela de pressão sem válvula de escape. O homem pode enganar a si mesmo, mas não consegue ludibriar a Deus, que forma o pano de fundo de sua consciência. Nenhum espírito pode furtar-se ao aguilhão sexual, que o fere incessantemente, exigindo-lhe o máximo esforço para não ser arrastado sob o desamparo espiritual. No campo da atividade sexual, o homem não pode julgar o próximo, pois a contenção, que muitas vezes se supõe ser virtude louvável, é apenas conseqüência do medo, da ausência de circunstâncias favoráveis, ou devido à noção pecaminosa da tradição religiosa. Raríssimas criaturas poderão afirmar, em sã consciência, que resistiriam sexualmente a todas as seduções e oportunidades que para isso lhes oferecesse a vida humana, terminando os seus derradeiros dias em sadia castidade.

Mas o certo é que, enquanto o homem não se conformar com a realidade de que o prazer sexual é somente um espasmo orgânico de importante função biológica, ele há de ser escravo da vida física. De acordo com as leis que regulam as afinidades eletivas, os encarnados arregimentam companheiros bons ou comparsas detestáveis do Além, conforme se sintonizem às frequências vibratórias mais altas ou mais baixas, que lhes inspirarão os desejos, os pensamentos e atos. Os prazeres deletérios ou os vícios insidiosos da carne são multiplicadores de frequência astral inferior, espécie de operação baixa que só consome o pior combustível do ser, e o impermeabiliza às elevadas sugestões do Alto.

Em conseqüência, o médium, como intermediário mais sensível com o mundo oculto, não pode gozar a proteção espiritual superior, caso ainda seja o escravo incontrolável das paixões animais inferiores. Então há de ser como a ave que, embora possua asas, não consegue voar porque seus pés estão atolados na lama.



DO LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.






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