PERGUNTA: A continência sexual, por parte do médium que presta serviço aos espíritos
superiores, ajuda-o a melhorar o seu desempenho mediúnico? Isso apura-lhe o
psiquismo e o favorece para o melhor intercâmbio
vibratório com os seus comunicantes?
RAMATÍS: É de senso comum que Deus não estatuiu o ato sexual como uma
prática deprimente e capaz de rebaixar o ser humano quando precisa cumprir os
seus deveres procriativos. É função técnica importantíssima para a continuidade
da vida física nos orbes planetários, ensejando o acasalamento das forças criadoras
do mundo espiritual com as energias instintivas do mundo da carne. Não é função
impura ou censurável, quando desempenhada com esse objetivo nobre.
Constitui-se, pois, no processo prodigioso que materializa e plasma na face do
planeta a vida em todas as suas manifestações animais, ensejando a
instrumentação de que o espírito necessita para apurar o seu raciocínio e entendimento
espiritual. Não há dúvida de que o mais certo, perante as leis de alta espiritualidade,
seria a relação sexual exercida somente em função procriadora, nas épocas
devidamente apropriadas para o êxito da nova vida.
No
entanto, o temperamento instintivo dos homens terrenos, ainda instável no limiar
da vida animal e do mundo angélico, acicata-os à procura de gozos às vezes insaciáveis
e os escraviza às paixões violentas, transformando o ato sexual numa fonte
contínua de prazeres que retarda a ventura espiritual. O comportamento sexual
do homem terreno ainda é muito aberrativo e desatinado, em face de sua
incapacidade para governar o seu instinto animal inferior, mormente se se levar
em conta que o animal, entidade primitiva, é um fiel seguidor das leis da
procriação. Narra-vos a história o paradoxo de espíritos lúcidos, geniais e
boníssimos, que desceram ao nível mais degradante da escala sexual, sem poder
dominar a força primitiva do instinto animal desgovernado.
Mas
não se pode condená-los por isso, pois mesmo as almas com certa prevalência espiritual
sobre o físico, na sua atividade incomum na propagação dos valores superiores,
por vezes são apanhadas de surpresa pela força inflamante da carne, que já
supunham superada.
Mesmo
para o santo descido das alturas do Paraíso, Jesus lançou a sua imorredoura recomendação:"Orai
eVigiai". Embora os vícios ou as paixões residam na própria alma e se projetem
no cenário físico através da carne, a vida exige que o espírito comande a
matéria, em cujo trabalho nem sempre consegue lograr o êxito espiritual desejado.
Algumas almas de grau superior perturbam-se no trato com o potencial vigoroso
das forças sexuais, embora depois sofram terrivelmente em sua consciência já
desperta e se mostrem desapontadas para consigo mesmas. Lembram a hipótese de
um homem que, vestindo um traje branco e precisando descer à mina de carvão,
contamina-se pelo pó de carvão toda vez que se descuida.
Alguns
espíritos benfeitores e regrados, quando do seu retorno às esferas
paradisíacas, curtem
a dor veemente do seu comportamento sexual contraditório no mundo físico.
Embora se tenham devotado a todas as formas do Bem, não puderam controlar os
ascendentes biológicos que os impeliam à satisfação sexual desatinada. Em face
do seu grau sideral, e devido ao sincero exame crítico de suas próprias
consciências, tiveram de reconhecer a sua debilidade no trato aberrativo da prática
sexual no mundo físico. No entanto, ser-lhes-ia ainda mais prejudicial o falso
puritanismo da contenção sexual semelhante à panela de pressão sem válvula de
escape. O homem pode enganar a si mesmo, mas não consegue ludibriar a Deus, que
forma o pano de fundo de sua consciência. Nenhum espírito pode furtar-se ao
aguilhão sexual, que o fere incessantemente, exigindo-lhe o máximo esforço para
não ser arrastado sob o desamparo espiritual. No campo da atividade sexual, o homem
não pode julgar o próximo, pois a contenção, que muitas vezes se supõe ser
virtude louvável, é apenas conseqüência do medo, da ausência de circunstâncias
favoráveis, ou devido à noção pecaminosa da tradição religiosa. Raríssimas criaturas
poderão afirmar, em sã consciência, que resistiriam sexualmente a todas as
seduções e oportunidades que para isso lhes oferecesse a vida humana,
terminando os seus derradeiros dias em sadia castidade.
Mas
o certo é que, enquanto o homem não se conformar com a realidade de que o
prazer sexual é somente um espasmo orgânico de importante função biológica, ele
há de ser escravo da vida física. De acordo com as leis que regulam as afinidades
eletivas, os encarnados arregimentam companheiros bons ou comparsas detestáveis
do Além, conforme se sintonizem às frequências vibratórias mais altas ou mais
baixas, que lhes inspirarão os desejos, os pensamentos e atos. Os prazeres
deletérios ou os vícios insidiosos da carne são multiplicadores de frequência
astral inferior, espécie de operação baixa que só consome o pior combustível do
ser, e o impermeabiliza às elevadas sugestões do Alto.
Em
conseqüência, o médium, como intermediário mais sensível com o mundo oculto, não
pode gozar a proteção espiritual superior, caso ainda seja o escravo
incontrolável das paixões animais inferiores. Então há de ser como a ave que,
embora possua asas, não consegue voar porque seus pés estão atolados na lama.
DO LIVRO: “MEDIUNISMO”
RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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