Quantos
espíritas, católicos, umbandistas, protestantes, teosofistas, budistas, hinduístas etc, aportam
diariamente na alfândega do Além ....
para a enorme decepção de descobrir que
sua carteirinha de devoto daquela doutrina não equivale a um passaporte para o Céu, o Astral superior
ou o devachan.... (Dez em dez leitores destas linhas estarão pensando:
“Eu não
penso isso, claro...”). É certo que os reencarnacionistas, em teoria, não
acreditam nisso.... Mas no fundo, lá no fundo, nos nichos secretos da mente,
nos recônditos do coração, qual de nós
não tem uma oculta convicçãozinha de que, afinal de contas, tantos anos de
doutrina, de trabalho no centro, na mediunidade,
no auxílio ao próximo, estudos etc, não podem nos garantir uma colocaçãozinha jeitosa lá no
Outro Lado?
“Bom,
pelo menos para o Umbral eu não devo ir”, diz em última
instância o espírita esperançoso. E não há religioso devoto
que não o copie, trocando só os termos da geografia do Além...
O fato de
que todos os religiosos (Oriente e Ocidente) guardam essa esperançosa convicção leva a
concluir que, digam o que disserem, praticamente todos tem a mesma inconfessável
certeza de que, puxa vida, afinal de contas, todo esse tempo de serviço na
doutrina x ou y deve garantir alguma média
Lá em Cima....
É muito
difícil para nós assimilar radicalmente essa idéia simples,
mas subversiva de hábitos milenares, de que as religiões – quaisquer delas! –
não valem como fins em si mesmas... só na medida em que apontam caminhos e dão
mapas para o trajeto na Senda Evolutiva, no rumo da consciência cósmica.
Estamos
milenarmente acostumados a nos abrigar sob as asas protetoras das crenças que,
oferecendo instituições maternais, figuras paternas de líderes e conjuntos de
crenças, preceitos e normas que funcionam como ninhos protetores, nos oferecem
não apenas a sensação de segurança e pertencimento a um grupo – uma necessidade
muito humana – mas passam, explicita ou subliminarmente, a seus adeptos a
confortadora certeza de que do seu manto doutrinário se tecerá automaticamente,
no dia da grande viagem, o par de asas necessário à migração para um alojamento
de, no mínimo, quatro estrelas nesse país aonde ninguém escapará um dia de aportar,
tenha ou não reservado albergue, hotel ou pensão.
Ramatís
não desejava, com essa afirmação, desencantar-nos ou desesperançar-nos. O objetivo
final dessa desilusão –esse dissolver da ilusão milenar que em última análise
nos entrava a caminhada – reside mais além. Implica em concluir que, se toda e
qualquer religião NÃO é, como uma repartição autorizada da polícia federal do
Céu, capaz de nos garantir um passaporte privilegiado para o Além, então...
então... todas elas resultam equivalentes! Não é a
conclusão inevitável?
Pouco
importa se eu for confucionista ou ba’-hai, messiânico ou do Exército da
Salvação, seguidor da Vedanta ou do Evangelho
Poligonal, de Krishna ou de Moisés.... Se o peso específico do meu perispírito é a única (ai de
nós!) medida que determinará
automaticamente o plano para onde minha consciência
vai ser despachada, ao chegar na fronteira do pós-túmulo... que diferença faz eu acreditar
neste ou naquele dogma, nesta ou naquela fórmula de culto, nesta ou naquela revelação?
Importa é o que eu fiz com aquilo em que acreditei, e onde as informações que
recebi me auxiliaram a sintonizar a minha mente e o meu coração.
Essa
crença me fez misericordioso, solidário, fraterno e tolerante, compassivo e
generoso, altruísta e desprendido? Silenciou meus lábios para a crítica e a
maledicência, a reclamação e a injúria, a ofensa e a condenação? Fez de mim uma
pessoa melhor no decurso do ano letivo desta encarnação? Beleza: então foi uma
escola proveitosa! Mas o que vai conosco não é o uniforme da escola, é o
boletim escolar, impresso de forma indelével na profundeza de nossos corpos
internos, em forma de cores específicas, energias de frequências maiores ou
menores... um corpo mental brilhante ou opaco, um corpo astral obscurecido por
zonas energéticas pesadas ou leve, colorido, diáfano (a gente
mal ousa imaginar como andará o nosso, a esta altura do ano escolar...)
Essa
afirmação lapidar de Ramatís leva-nos a uma conclusão matemática como o
resultado inevitável de uma equação: as religiões, enquanto caminhos, se
equivalem todas, desde que o seu fundamento e prática seja o amor ao próximo como
caminho para Deus (não olvidando o corolário de Gandhi: “Ama a teu próximo como
a ti mesmo - e tudo que vive é o meu próximo”. Ou seja, não adianta escamotear
os irmãos menores de outros reinos da natureza).
Portanto,
e como queríamos demonstrar, o sentimento universalista
é a resultante dessa equação.
No dia em
que realmente, no fundo de nossa alma, com todo o coração, e não só na teoria,
sentirmos toda a extensão da verdade implícita nessa sentença de Ramatís,
então, e só então, o verdadeiro sentimento universalista estará enraizado em
nossa consciência. Não precisaremos mais exercitar a tolerância para com as
outras crenças. Veremos a todas como as apostilas escolares que servem aos
alunos de todos os graus (é claro que algumas trazem maior quota de informações
sobre as rotas a percorrer, facilitando nosso trajeto, apenas isso), e em nosso
sentimento, todas serão iguais em utilidade e proveito, cada qual na adequação
a um tipo psicológico e mental humano. E em cada criatura buscaremos apenas o
brilho do olhar, que nos dirá não a que seita pertence, mas em que grau a Luz Interna
já se irradia do centro de seu ser – tudo o que realmente importa nesse
transitar pela Senda do infinito.
FONTE: “INFORMATIVO RAMATÍS” - Órgão
de divulgação da AFRAM - Associação das Fraternidades Ramatís Ano I - Número 1
— Jan/Fev/Março 2011
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