Pergunta: Não podemos deixar de nos emocionar
ante a constatação dessa possibilidade de o espírito voar liberto das peias do
solo físico!
Atanagildo: Sei que isso vos entusiasma; noto-vos a sensação eufórica e a respiração
excitada, ante este quadro atrativo que vos apresento. Como ser-vos-á delicioso
volitar no Espaço, após a vossa desencarnação, livres das preocupações com
duplicatas, dentistas, armazéns, aluguel de casa ou impostos! Que júbilo ouvir
a música das esferas, sentir o perfume embriagador das flores paradisíacas e
apreciar a po1icromia de paisagens encantadoras! São revelações que vos
arrebatam a estados celestiais, de repouso e contemplatividade; sonhos que
realmente vivem no subjetivismo de vossa memória etérica e repontam
emotivamente, embora ainda permaneçais reclusos na carne terrena! O espírito encarnado
é um viajante que deixou a sua pátria celestial e, mesmo quando ignora essa circunstância,
costuma rever fugazmente alguns fragmentos do panorama sublime que o aguarda no
futuro, assim como conserva no íntimo a recordação do seu verdadeiro lar celestial.
E essas recordações se avivam quando alguém vos associa mentalmente às paisagens
cerúleas dos planos superiores, como agora acontece convosco.
O
que importa, porém, não é conhecerdes a natureza dos cenários edênicos, com
suas sublimidades, mas tudo fazerdes para habitá-los, o que só se consegue
através de uma vida digna e liberta das paixões tumultuosas, que intoxicam o
perispírito e o impedem de desferir seu alto vôo ardentemente sonhado. Que vale
sonhar com os ciprestes do Líbano, os lagos da Itália ou a majestade dos Andes,
se nada fazemos para conhecê-los pessoalmente?
Pergunta: O desenvolvimento da vontade, para o êxito da volição, no Espaço, deve
começar quando ainda estamos encarnados?
Atanagildo:
As seqüências naturais e
milenárias da vida- humana, no plano físico, sempre terminam desatando na alma
as energias mentais adormecidas pela ociosidade espiritual. A existência
planetária é uma perfeita e incessante "iniciação", em que o
discípulo é submetido a uma multiplicidade de provas e práticas que o
experimentam e melhoram a sua graduação. Entretanto, se a alma for preguiçosa, carecerá
de milhões de anos para chegar a um estado de perfeição que lhe permita gozar
da união com Deus. Existem seres (por exemplo, os iogas) que, pela
auto-realização, abreviam de alguns séculos certas experimentações que lhes
exigiriam longo tempo sob a letargia passiva da Lei do Carma.
Eles
dinamizam a sua vontade, purificam o coração e extinguem a atribulação pela
vida ilusória da matéria, até conseguirem ingressar na "corrente
cósmica", que então os aproveita como novos condutores de almas e
prepostos criadores no seio da vida sideral.
É
óbvio, pois, que, se a vontade for desenvolvida por meio de algum salutar treinamento
disciplinado, que desperte as forças internas e vos permita melhor domínio
sobre o meio ilusório, a volição, no Além, ser-vos-á uma conquista
indescritível pelos vocábulos humanos. No entanto, assim como o balão não
ascensiona se estiver preso pelas amarras ao solo, também não podereis lograr
êxito, de início, na volição, se partirdes do mundo terreno algemados às forças
tirânicas das paixões e das sensações inferiores.
Do livro: “A Sobrevivência do
Espírito” Ramatís/Atanagildo – Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
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