PERGUNTA:
Mas o médium de 'prova" não poderia
alcançar o mesmo êxito do médium "natural", se depois de desenvolvido
viesse a enquadrar-se sob os princípios elevados do Evangelho do Cristo?
RAMATÍS: O que o médium natural alcança por via intuitiva, como decorrência
espontânea de sua própria sutilidade psíquica e sem necessidade de quaisquer esforços
ou adaptação fora do tempo, o médium em prova, e sem a linhagem superior para
se situar espontaneamente nas faixas vibratórias das esferas crísticas, vê-se obrigado
ao desenvolvimento espinhoso, graduando-se através de treino exaustivo com os
desencarnados imperfeitos, enfrentando as mais desanimadoras decepções
psíquicas.
O
aguçamento imaturo muitas vezes leva o espírito em prova a desenganos, malogros
e rebeldias, tal qual o jogador de xadrez que, após muitos lances frustrados,
vacila em mover no tabuleiro a peça de menor importância.
Tratando-se
de faculdade prematura e ainda provisória, que exige árduo e sacrificial exercício
no seio das atividades terrenas, o médium sem a acuidade espiritual espontânea,
que orienta facilmente o indivíduo entre os problemas confusos da vida, quase
sempre só conclui o seu programa mediúnico depois de muitos tropeços
verificados nos atalhos falsos, que são trilhados à guisa de caminho certo. Só
a perseverança, o bom ânimo, a tenacidade, o estudo incessante, o combate
impiedoso contra as paixões da animalidade inferior e a integração definitiva
ao Evangelho do Cristo é que, realmente, podem assegurar o êxito mediúnico. Servindo-nos
de uma comparação, diríamos que o médium natural assemelha-se ao músico ou pintor
já nascido com o "dom" espontâneo para exercer sua arte, à qual ele
se entrega com facilidade e prazer. O
médium de prova, no entanto, é o aluno que está sendo obrigado a estudar uma
ciência ou arte para a qual
ainda não apresenta qualidades espontâneas. Então precisa esforçar-se
heroicamente para consegui-las sob um longo treino exercido entre vacilações,
malogros e decepções.
Entretanto,
não é impossível que o médium de prova, integrado absolutamente no serviço mediúnico
sob a égide de Jesus, venha a depurar-se de tal modo que, ao desencarnar, já
esteja gozando, em grande parte, da sublime mediunidade natural, que é na
realidade a verdadeira mediunidade espiritual. No entanto, é necessário
compreenderdes que não existe uma linha demarcativa específica entre a
mediunidade de prova e a mediunidade natural pois, sendo o médium um espírito
encarnado, há momentos em que, por força de alguma virtude já bastante
desenvolvida, ele também logra ser o instrumento excelso da revelação superior,
do mesmo modo como alguns homens experimentam, parcialmente e de modo fugaz, o
inefável estado de espírito que é o êxtase.
Quando
distinguimos o médium natural do médium de prova, desejamos apenas destacar
aquele que é um instrumento espontâneo e superior da realidade espiritual,
daquele que renasce na Terra onerado por uma obrigação de ordem cármica.
Do livro: “Mediunismo” Ramatís/Hercílio Maes
– Editora do Conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.