PERGUNTA:
Gostaríamos que nos dissésseis algo
sobre os médiuns que já gozam de sensibilidade psíquica avançada, cuja mediunidade,
como nos tendes dito, é fruto exclusivo do seu aprimoramento espiritual.
RAMATIS:
Os espíritos que já atingiram um alto nível moral e que, portanto,
integraram-se à vida psíquica superior, quando encarnados são mais sensíveis
aos fenômenos do mundo oculto, embora isto não aconteça de modo ostensivo, mas
apenas através da intuição pura. A sua faculdade mediúnica, então, é o sagrado
corolário do seu próprio aprimoramento espiritual, em vez de uma
"concessão" extemporânea. Eles transformam-se em centros receptivos
das manifestações incomuns que transcendem os sentidos físicos. Sua alta sensibilidade,
fruto de avançado grau espiritual, afina-se incessantemente com os valores psíquicos
do melhor quilate, facultando-lhes não só o conhecimento instantâneo dos acontecimentos
presentes, como ainda as revelações mais importantes do futuro. O abençoado dom
da Intuição Pura, e que em alto grau o possuíam Antúlio, Hermes, Rama, Crisna, Pitágoras,
Buda, Ramacrisna e Jesus, além de outros seres que passaram anonimamente pelo mundo
terreno, foi a faculdade iniciática que serviu para esses grandes espíritos
liderarem as transformações admiráveis do espírito do homem. Eles tanto aferiram
os fenômenos imediatos do mundo invisível, como ainda descortinavam amplamente
a síntese dos acontecimentos futuros mais importantes, da Terra.
Há
grande diferença entre o médium cuja faculdade é aquisição natural, decorrente
de sua maturidade espiritual, e o médium de "prova", que é agraciado
imaturamente com a faculdade mediúnica destinada a proporcionar-lhe o resgate
de suas próprias dívidas cármicas. Através
de processos magnéticos, que ainda vos são desconhecidos, os técnicos do Astral
hipersensibilizam o perispírito daqueles que precisam encarnar-se com a
obrigação de trabalhar, pelo
serviço da mediunidade, a favor do próximo, e também empreender a sua própria recuperação
espiritual.
No
Além existem departamentos técnicos especializados, que ajudam os espíritos a acelerar
determinados centros energéticos e vitais do seu perispírito, despertando-lhes provisoriamente
a sensibilidade psíquica para a maior receptividade dos fenômenos do mundo oculto,
enquanto se encontram encarnados. Esse é o mandato mediúnico ou a transitória faculdade
concedida a título de "empréstimo" pelo Banco Divino. Mas é também a
arma de dois gumes, que exige severa postura moral no mundo, pois ela tanto
situa o seu portador em contato com os espíritos benfeitores como também o
coloca facilmente na faixa vibratória sombria das entidades do astral inferior.
Embora
a faculdade mediúnica pareça a alguns um privilégio extemporâneo, contrariando
o conceito de Justiça e Sabedoria de Deus, essa "concessão" prematura
ao espírito faltoso implica justamente em sua maior responsabilidade e trabalho
laborioso espiritual. Não
é, pois, a graça "fora de tempo",
que exime a alma de preocupações e dos obstáculos futuros na sua evolução
espiritual; é somente o "empréstimo" que lhe permite ressarcir-se de
suas tolices e inânias cometidas no passado, compensando o tempo perdido com um
serviço extraordinário.
Os
Mentores Siderais, apiedados dos espíritos demasiadamente onerados em seu fardo
cármico para o futuro, lhes oferecem assim a oportunidade do reajuste mais
breve para alcançarem a ventura mais cedo. Então o médium é o espírito que
renasce na matéria já comprometido com a obrigação de exercer um trabalho
constante a favor da idéia da imortalidade da alma, inclusive o dever de
melhorar a sua própria graduação espiritual. Embora seja agraciado
prematuramente com um sentido psíquico mais avançado e ao qual ainda não fazia
jus, o médium sinceramente devotado à sua definitiva recuperação espiritual no
serviço sacrificial mediúnico poderá transformar em uma faculdade
"natural" aquilo que lhe era somente uma faculdade de "prova".
Evidentemente, isso é difícil, mas não impossível, pois alguns raros médiuns lograram
alcançar a graça da faculdade mediúnica natural, pela graça da faculdade de
prova.
Malgrado
a mediunidade fenomênica impressione profundamente os sentidos físicos dos
encarnados, na profundidade da estrutura espiritual do médium de
"prova" quase sempre ainda não se consolidam o caráter moral
superior, a renúncia angélica, o desapego às ilusões da vida física ou a
capacidade heróica para o cumprimento do mandato redentor. Ele é apenas o instrumento
convocado para o serviço compulsório de favorecimento ao próximo ou o transmissor
da realidade imortal; mas acima de tudo é o devedor interessado em reduzir o
seu débito cármico para com o planeta que o serviu desinteressadamente.
No
entanto, o médium espontâneo e natural, em conseqüência do grau moral e superior
do seu espírito, dispensa qualquer treinamento ou intervenção técnica para
relacionar-se com o mundo oculto, pois o consegue unicamente através de sua
alta sensibilidade intuitiva. Embora a maior parte desses médiuns não guarde a
consciência nítida e completa de grande parte dos acontecimentos sublimes de
que são intermediários, eles se constituem nas antenas vivas avançadas, que sob
a inspiração dos espíritos angélicos fluem para a superfície da matéria as mais
confortadoras esperanças e as mais importantes revelações. Instrumentos exclusivos
do Bem, eles distribuem orientações benfeitoras, advertências justas e
incentivam todos os bons propósitos da vida. No âmago de suas almas a "Voz
Silenciosa" do Senhor os anima, orienta e revela Sua Obra, tal como o faz
a todos os seres. No entanto, só os puros intuitivos é que realmente o sentem
em sua plenitude divina.
Embora
esses seres não precisem participar obrigatoriamente e a horas certas dos serviços
mediúnicos tradicionais e oficializados na matéria, pois a sua natureza elevada
os dispensa do peculiar desenvolvimento torturado da maioria dos médiuns em
prova e sob a atuação dos espíritos imperfeitos, eles são sempre os melhores
intérpretes da verdadeira vida imortal.
Todas
as manifestações gloriosas e concernentes à Criação, eles as focalizam numa
visão global e fecunda, que restitui à humanidade as parcelas de fé destruídas
pelos maus escritores, filósofos ou líderes religiosos ignorantes.
Do livro: “Mediunismo” Ramatís/Hercílio Maes –
Editora do Conhecimento.
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