PERGUNTA: Mas os exus não são espíritos enfermiços,
com deformações em seus corpos astrais e de fluidos altamente deletérios?
VOVÓ MARIA CONGA: Na
época mais cruel da escravatura dos negros, muitos fugiam e se abrigavam nas
florestas. Esses esconderijos, locais de ajuntamento de escravos fugidos, na
mata cerrada, ficaram conhecidos como "mocambos". Logo após a alforria dos negros, muitos homens mais destacados na
sociedade de outrora começaram a espezinhar os ex-escravos chamando-os de
"mocambos", ou seja, rebaixando-os a fugitivos da lei. O desdém que
se estabeleceu para com esses irmãos foi de tal monta, que vários estabelecimentos
comerciais e hospitais das principais capitais da época tinham em suas entradas
placas com os dizeres "mocambos metidos a gente não são bem-vindos",
maneira desdenhosa encontrada de afrontar a liberdade que alcançava uma parcela
importante para a sociedade da época.
Não muito diferente de outrora e em igualdade preconceituosa
dissimulada, como se tratassem de fugitivos das Leis do Cristo, muitos filhos
nos dias de hoje classificam como exus as entidades espirituais que não são
bem-vindas; espíritos sofridos, como obsessores de aluguel, que são um tanto
violentos pois estão hipnotizados por grande poder mental que os subjuga, e com
sérias deformações astrais, que se apresentam nas atividades medi únicas em algumas
casas que apregoam "fora da caridade não há salvação".
Ficamos entristecidas ao observar que no mesmo templo
em que se realizam reuniões, onde o verbo bem elaborado prende hipnotizada
platéia pelos elevados conceitos de amor ao próximo, perdão e ações caridosas,
não muito distante, alguns médiuns novatos, acomodados em penumbrosa e fechada
sala, recebem severas reprimendas de diretores espirituais zelosos da "disciplina"
na passividade mediúnica dos trabalhos que ocorrerão, rigorosamente impondo que
para esse "tipo" de espírito, os temíveis "exus", o corpo
mediúnico deve evitar maiores contatos fluídicos, sob pena de desequilíbrio dos
delicados aparelhos no contato com vibrações tão enfermiças. Solicitam refutar
o contato mais ostensivo pela incorporação ou a chamada psicofonia, dizendo que
esses "irmãos" devem ser encaminhados o mais rápido possível ao Plano
Espiritual e que os mentores que apóiam o grupo darão a devida conta.
Reconhecemos que há maior exigência dos médiuns e dirigentes
nesses casos, mas os filhos não devem esquecer que tais "deformados"
e sombrios espíritos são dignos de todo respeito e carinho, devendo ser
tratados como "gente" do Cristo-Jesus e recepcionados com o coração
mais exaltado de amor e júbilo do que nas ocasiões em que os mentores aureolados
de luz se fazem presentes, já que são mais necessitados do magnetismo animal
para se "recomporem"(1). Levem a efeito a caridade socorrista como
fazia o Divino Mestre na Terra com os leprosos, aleijados, tuberculosos e
loucos; a todos, atendendo com amor e dedicação esmerada, sem receio de contágios
doentios.
1 - "Os sãos não necessitam de médico, e sim os
doentes", lembrava o Divino Médico nas palavras que o Evangelho guardou. E
acrescentou: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento."
Esses espíritos sofredores foram e são submetidos aos
capatazes e torturadores das organizações malévolas e escravizantes do submundo
inferior que habitam o Umbral. Verdadeiramente
não têm nada a ver com os genuínos exus da sagrada Umbanda.
(Do Livro
“EVOLUÇÃO NO PLANETA AZUL” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto –
Editora do Conhecimento)
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