Sabedoria Ramatis

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domingo, 3 de abril de 2016

AS CABEÇAS DA BESTA


PERGUNTA: Qual o significado do que diz João Evangelista, no Apocalipse: "E vi uma de suas cabeças como ferida de morte; e foi curada a sua ferida mortal"?

RAMATÍS:  Considerando que as "cabeças" da Besta significam a força perigosa dos instintos animais, quer isso dizer que a Besta foi ferida justamente no seu potencial de ódio, quando o Cordeiro baixou à Terra para pregar o Amor. O sacrifício de Jesus, o martírio dos cristãos nos circos e o dos apóstolos em vários pontos do mundo, renunciando à vida da carne para exaltação do amor, significaram um ferimento mortal na cabeça odiosa da Besta, que promove a separação entre os seres, as raças e as doutrinas. 
Jesus viera reunir as ovelhas sob o cajado de um mesmo pastor, e por isso nenhuma delas se perderá! 
No princípio do Cristianismo a Besta começou, então, a ser tolhida num dos seus mais terríveis instintos animais, do que resultou diminuir o ódio entre os homens que, assim, corriam ao apelo do Evangelho. A força vigorosa que feriu a cabeça da Besta provinha daqueles primeiros seres que seguiam os ensinos do Cristo e que, mais tarde, foram sendo substituídos pelos frades trapistas, os capuchinhos, os bernardinos e eremitas de toda espécie, que percorriam o mundo pregando o amor e convidando o homem a reduzir a sua violência milenária. Era uma mensagem viva, de sacrifício e de pobreza honesta, de dignidade humana e renúncia em favor do próximo, que esses homens traziam sob a inspiração do Cristo! Os Mentores do Alto já se rejubilavam nessa ofensiva crística à Besta, aumentando o número de "direitistas" a se salvarem no futuro exame severo do "juízo final". 
O Cristo ferira de morte uma das cabeças da Besta, justamente a do ódio entre os homens; mas a Besta conhecia a debilidade humana, e tratou de explorá-la, mesmo ferida de morte e ainda exangue, pois encontrara o meio sorrateiro para ser curada em sua ferida mortal! E, em consequência, o Evangelho do Senhor começou a ser olvidado. E a Besta inspirou, então, as sangrentas campanhas das cruzadas e semeou a morte, a dor e o sangue nas campinas verdejantes do mundo, "glorificando-se na insolência e na blasfêmia" porque a solerte mensagem de ódio e de crimes fora justamente pregada em nome do Cristo! E foi curada a sua ferida mortal, pois aquele que a havia ferido de morte, a Besta o invocou perfidamente para acobertar o próprio ódio que semeou sob o disfarce de um falso amor.

Graças aos homens invigilantes que inverteram a essência da mensagem amorosa de Jesus, no derrame de sangue supostamente infiel, o ódio disfarçado em amor foi o "unguento" capaz de curar a ferida mortal da Besta e recolocá-la no seu velho cinismo e abominação! A cilada tremenda, a pretexto de que os fins justificam os meios, criara novos estímulos cruéis para o futuro, em nome do Cristo, alimentando novos propósitos daninhos. Então a Besta, restabelecida, inspirou a Inquisição e cometeu os mais bárbaros crimes à sombra dos subterrâneos infectos; Catarina de Medíeis matou a torto e a direito os huguenotes, na noite de São Bartolomeu; os protestantes liberais, escorraçados da velha Inglaterra, tornaram-se os "quakers" puritanos, mas também queimaram os novos crentes da Nova Inglaterra! Sob o dossel sublime do Evangelho, inumeráveis crimes têm sido praticados pelos sectaristas fanáticos e pelos instrutores e inspiradores de abominações, cujo ódio "bestial" ainda se disfarça, hoje, pelas tribunas, pelo rádio, pelos jornais, revistas e panfletos separativistas!
Em nome do Cristo, os homens continuam a negá-lo nos templos suntuosos e no luxo nababesco do sacerdócio epicurista, de-traindo-o nas mais estúpidas quizilas doutrinárias! As igrejas, os templos, as instituições, as lojas, os centros e agremiações espiritualistas combatem-se não só entre si como no seu próprio seio, preocupadíssimas em pregar um Evangelho exclusivista, a seu modo de ver, como se ele fosse mercadoria de competição na praça! Essas discordâncias, esses caprichos pessoais e blasfêmias religiosas transformam-se em contínuo unguento medicamentoso para curar a ferida da Besta "que tinha recebido um golpe de espada e ainda continuava viva" (cap. XIII — 14).

DO LIVRO: “MENSAGENS DO ASTRAL” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.


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