PERGUNTA: Qual a espécie de mediunidade mais
avançada?
RAMATIS: Sem dúvida, é a Intuição Pura. Embora não seja fenômeno
atestável espetacularmente no mundo exterior da matéria, é a mais sublime
faculdade oriunda de elevada sensibilidade espiritual. É natural e definitiva,
espécie de percepção panorâmica que se afina tanto quanto o espírito mais se
ajusta nas suas relações e inspirações das esferas mais altas para a carne. É o
"elan" que une a alma encarnada diretamente à Mente Divina que a
criou, facultando-lhe transferir para a matéria o verdadeiro sentido e
entendimento da vida espiritual superior. Uma
vez que a mediunidade não é, propriamente, uma faculdade característica do
organismo carnal, mas o recurso sublime para fluir e difundir-se o
esclarecimento espiritual entre os homens, ela mais se refina e se exalta tanto
mais o seu portador também se devote ao intercâmbio superior do espírito
imortal. É o próprio dicionário terreno que vos explica o fenômeno. Intuição — diz
ele, é o ato de ver, percepção clara, reta, imediata, das verdades, sem
necessidade de raciocínio; pressentimento, visão beatífica.
A
intuição é, pois, o estágio mais elevado do espírito; é o corolário de sua
escalonada desde o curso primitivo do instinto até à razão angélica.
Evidentemente, enquanto o homem for mais dominado pela razão humana, também
será mais governado pelas forças rígidas do intelecto, escravo do mundo de
formas e submetido às leis coercivas da vida física. Só a intuição pura
dá-lhe a percepção interior da realidade cósmica, ou então permite-lhe a
concepção panorâmica do Universo. É, na verdade, a faculdade inconfundível que
"religa" a criatura ao seu Criador. É a divina lente ampliando a
visão humana para descortinar a sublimidade da vida imortal.
A
pureza cristalina da Intuição Pura foi o apanágio dos seres de alta estirpe
espiritual e que delinearam roteiros de luzes para o vosso orbe, qual o fizeram
Crisna, Confúcio, Pitágoras, Buda, Jesus, Francisco de Assis e outros que, em peregrinação
pela vida física, conservaram-se permanentemente ligados às esferas sublimes do
espirito superior, qual ponte viva a unir o mundo exterior da matéria à
intimidade do Espírito Cósmico. A Intuição Pura é a "voz sem som", a
"voz interior", a "voz do som espiritual", que fala na
intimidade da alma; é a linguagem misteriosa, mas verdadeira e exata, do
próprio Eu Superior guiando o ego lançado na corrente evolutiva das massas
planetárias.
Assim
como a razão auxilia o homem a compreender e avaliar a expressão fenomênica das
formas do mundo material, a Intuição lhe permite "sentir" todas as
leis ocultas e "saber" qual a natureza original do Espírito Criador
do Cosmo. Referindonos à Intuição, como o ensejo divino de elevação à Consciência
Cósmica do Seu Autor Eterno, diz a linguagem poética dos yogas: "Antes que
a Alma possa ver, deve ser conseguida a harmonia interior e os olhos da carne
tornados cegos a toda ilusão. Antes que a Alma possa ouvir, a imagem (o homem)
tem de se tornar surda aos rugidos como aos segredos, aos gritos dos elefantes
em fúria, como ao sussurro prateado do pirilampo de ouro. Antes que a Alma
possa compreender e recordar, deve ela primeiro unir-se ao Falador Silencioso,
como a forma que é dada ao barro se uniu primeiro ao espírito do escultor.
Porque então a Alma ouvirá e poderá recordar-se. E então ao ouvido interior
falará a Voz do Silêncio".
DO
LIVRO: “MEDIUNISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.