PERGUNTA: Podeis oferecer-nos qualquer exemplo mais
concreto do assunto?
RAMATIS: Há casos em
que determinado protegido, até então regrado e amigo do lar, deixa-se fascinar
por qualquer paixão mundana perigosa, que pouco a pouco o vai absorvendo e
ameaçando de causar perturbação grave no seio amigo da família. Por vezes ele
se torna refratário a qualquer intuição espiritual superior ou nega-se a cumprir
as promessas feitas durante o sono, quando deixa o corpo físico no leito,
preferindo obsidiar-se completamente pela mulher extravagante, parasita ou
fescenina, ou então pelo álcool ou pelo jogo insidioso.
Quando menos espera, é lançado ao leito de dor ou, então, vê
cessadas as facilidades ou recursos materiais que o sustentavam na imprudência
condenável, ficando impedido de prosseguir no seu comportamento irregular. Um
outro, por exemplo, pode ser o de um indivíduo saudável, forte, demasiadamente
viril e dotado de um corpo avantajado, mas cujo espírito irascível e prepotente
nega-se a abrandar o seu temperamento ou foge à intuição benfajeza do seu amigo
desencarnado. Avantajado de corpo e de forças, sempre reage com
violência e atrevimento diante de qualquer conselho ou
protesto alheio! Sumamente agressivo, usa suas mãos como vigorosas luvas de boxe,
que esbofeteiam com facilidade e se movem ameaçadoras, sem quaisquer propósitos
de tolerância e escusas. No lar, a sua irascibilidade semeia confrangimentos
contínuos, pois é atrabiliário com a esposa, filhos e vizinhos; vive certo de
não precisar de ninguém e sente-se bastante auto-suficiente para desprezar os
favores do próximo!
Então, o seu guia espiritual só tem um recurso para domar o pseudo
- “gigante” demasiadamente eufórico de sua estatura e do seu maciço de carne: é
jogá-lo num leito de sofrimento cruciante e arrasá lo até que reconheça a sua
própria debilidade humana no seio da humanidade. Desse modo, cerceia-lhe a
autoviolência e o coloca a caminho da ternura e da humildade, sob o guante do
sofrimento, demonstrando-lhe que não passa de um troglodita vestido à moderna, qual
extravagante gladiador que abusa de sua robusta armadura de carne, nervos e
ossos! Lança-o por terra abatido por violenta e insidiosa enfermidade,
fazendo-o entrever o limiar dos bastidores do “outro mundo”, o que lhe desanda
tremendo susto e desperta o desejo de continuidade de vida para cuidar do
socorro alheio!
Em geral, aqueles que aparentam maior indiferença pela
morte, porque são robustos e sadios, quase sempre são os que mais se acovardam
ante a perspectiva de perder o corpo que lhes dá os prazeres fugazes da vida
animal e facilita-lhes todos os caprichos e vaidades da carne. Como não confiam
na perspectiva agradável da “outra vida”, além do prosaísmo da existência
física, agarram-se desesperadamente à armadura carnal, como o náufrago à tábua
de salvação.
Ramatís – Fisiologia da
Alma
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