Pergunta: Apesar de o homem dignificar-se com uma tarefa nobre,
ninguém deseja, em sã consciência, ser um escravo do trabalho! Que dizeis?
Ramatís: - Em verdade, o
trabalho não honra nem dignifica o homem, à guisa de uma função meritória para
graduação celestial! São as criaturas extremamente ambiciosas que trabalham
como animais desde o nascer até o pôr-do-sol, mas apenas buscando a sua segurança
e fortuna, avaros e indiferentes aos problemas dos subalternos ou companheiros.
E o pior é que tais homens, depois de ricos e injustos para os que
os ajudam a enriquecer, às vezes causam mais prejuízos ao próximo do que quando
pobres! 40
40 - Nota do Médium: Conheci em 1939 certo mendigo
lamurioso, que se queixava amargamente das injustiças sofridas no mundo,
inclusive quando prostituiram-lhe a filha mais velha, por culpa de afortunado
industrial liberado pela Justiça. Mas, por um golpe de sorte, durante a última guerra
ele conseguiu acumular regular fortuna vendendo ferro e metais velhos,
esmolados. Quando morreu, em 1965, esse "ex-mendigo" deixou o
seguinte passivo na sua vida: desonrara cinco menores; duas degradaram-se na
prostituição e uma delas suicidou-se infamada. Além disso, lançara na miséria
um sobrinho que lhe emprestara importância da venda de sua casa; ludibriara duas
firmas fornecedoras, esquivando-se de assumir o compromisso público, além de
prejuízos a diversos operários numa concordata fraudulenta. Finalmente, nos últimos
meses de vida abandonara a própria mulher e os filhos, que o haviam acompanhado
nas horas amargas, para viver nababescamente com uma vedeta de má fama!
Por isso, a Divindade ajusta os espíritos primários aos orbes
físicos, como a Terra, onde o trabalho é uma condição fundamental de
sobrevivência! Ficam presos às obrigações cotidianas, sustados na excessiva
liberdade ou no poder financeiro, que poderiam levá-los prematuramente a atos
danosos para si e para a coletividade. O conceito de que os "burros
andariam cheios de medalhas, se o trabalho fosse honra", demonstra a
ignorância do terrícola quanto à ação dinâmica e criadora do trabalho na
formação indireta da consciência espiritual do homem, que lhe ativa o processo
criador do futuro anjo.
O homem tanto pode aceitar como renegar o trabalho, tornando-se um
cidadão útil ou marginal revoltado e danoso para a comunidade! Ele dispõe do
"livre-arbítrio" para decidir e agir quanto à sua própria pessoa; mas,
é de Lei Sideral, que será tolhido espiritualmente, toda vez que de seus atos
egotistas resultarem prejuízos aos demais companheiros.
No entanto, tudo o que existe sobre a face do orbe terreno, que
glorifica e beneficia a humanidade, é fruto indiscutível do trabalho! Embora a
mente humana seja criadora, ela nada poderá realizar sem o recurso dinâmico do
trabalho, operação indiscutível, que transforma em atividade concreta os
desejos e as idéias permanentemente vividas na alma humana! Sob qualquer
hipótese, o trabalho disciplina, dá calor e energia aos músculos do homem, faz convergir
a sua atenção e cuidado para uma realização positiva. 41
41 - "O trabalho distingue a humanidade do animal.
Desperta as messes nos pampas. Extrai metal luzindo dos mais negros antros,
converte a argila em lar, a pedreira em estátua, o trapo em vela, a cor em
quadro, a chispa em frágua, a palavra em livro, o raio em luz, a catarata em
força, a hélice em asa. Seu esforço secular criou o poder do homem sobre as
forças naturais, dominando-as antes, para utilizá-las depois. É obra sua a
alavanca, a cunha, o machado, a roda, a serra, o motor e a turbina. Nada existe
no mundo que não conserve o vestígio de suas virtudes vencedoras do tempo.
O trabalho é um dever social. Os que vivem sem trabalhar
são parasitas mórbidos, que usurpam aos outros homens uma parte do seu labor
comum." - Trechos extraídos da obra "As Forças Morais" de José
Ingenieros, editada pela Livraria Tupã.
DO
LIVRO: “A Vida Humana e o Espírito Imortal” Ramatís/Hercílio Maes
– EDITORA DO CONHECIMENTO.
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