PERGUNTA: -
Que dizeis dos grupos corais ou conjuntos musicais, que executam melodias
populares ou peças folclóricas? Apesar do sentido de suas execuções, eles
também poderiam manifestar algo do sentido sublime da oração?
RAMATÍS: - A oração, em sua expressão inata, é o processo que permite ao homem
manifestar os seus melhores pensamentos e sentimentos ao Criador. Em conseqüência,
todos os atos, tarefas ou preocupações humanas, religiosas ou profanas, que exaltem
a obra Divina, enalteçam os bens do Espírito e a conduta moral superior, também
podem ser considerados como louváveis ensaios de oração.
A oração condiciona o espírito humano à
meditação dos bens superiores, e por isso induz a alma às reflexões sadias. Não
se ajusta a servir para exaltar os requebros do corpo ou para as agitações dos
crentes supersticiosos ou fanáticos, que oram de forma gritante e desordenada.
A música popular, quando o seu conteúdo
verbal e ritmo musical, desperte anseios da alma para uma vida mais sadia e
menos material, também é uma espécie de oração. Aliás, no gênero da música
clássica já existem inúmeras peças e composições decalcadas de temas religiosos
ou de tradições litúrgicas, que são executadas nos ambientes profanos; e não
perdem o sentido simbólico de uma prece sonora. Mesmo entre as óperas de
assunto trágico, impregnadas da violência das paixões humanas, há trechos de
melodias e partes corais, que significam verdadeiros "oásis" no
turbilhão da música áspera, opressiva e contundente. 8 As composições de baixo teor musical, que invocam os instintos
inferiores da alma, em vez de libertá-la dessas emoções tóxicas, são cantorias
fesceninas ou debochadas, que, por lei de sintonia psíquica, avivam e exaltam
nos seus ouvintes os estímulos perniciosos das paixões e dos vícios
censuráveis.