Sabedoria Ramatis

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domingo, 25 de agosto de 2019

"TODO MÉDIUM DE UMBANDA É EM MAIOR OU MENOR PROPORÇÃO UM MAGO"



A aplicação prática da magia se dá por meio de invocações, evocações, esconjuros, consagrações, contagens, cânticos, mantras e outros recursos utilizados para facilitar a concentração mental. Quanto mais unido for um grupo que objetiva praticar a magia, mais coeso e força terá o ato magístico, embora um mago adestrado consiga interferir em campos de energia somente pela sua mente disciplinada. 
Na umbanda, a movimentação de energias entre essas dimensões se dá pela via mediúnica, não bastando "apenas" ser um mago sacerdote. São os guias do "lado de lá" quem conduzem todos os trabalhos e têm o alcance de justiça e outorga do Astral superior para determinar a amplitude das tarefas realizadas. Por esse motivo, ficamos bastante receosos com os muitos magos existentes atualmente, e com a rapidez com que são formados. Somos de opinião que está faltando mediunidade em muita magia praticada por aí. Preocupa-nos os cursos de formação coletiva, regiamente pagos, para se obter insígnias sacerdotais de mago disto ou daquilo, com solenidades grandiosas de entrega de títulos e paramentos bonitos. Todo o cuidado é pouco quando tratamos com magia cerimonial caritativa de auxílio ao próximo, pois "aquele que não tem patuá que não se meta com mandinga", diz-nos sempre a veneranda Vovó Maria Conga, sabedora do efeito de retorno para todos nós quando interferimos em campos de energias de outras pessoas, sem autorização para fazê-lo em conformidade com as leis cármicas. 
É preciso comentar que todo médium da umbanda é, em maior ou menor proporção, um mago, mas nem todo mago é um médium, pois a premissa para se ter uma função sacerdotal na umbanda é a mediunidade, e não o contrário: dirigentes magos, sem nenhuma mediunidade, na frente de um congá. Nada temos contra a ênfase mágica sacerdotal e iniciática de outros cultos, que até podem ser confundidos com a umbanda, em vários aspectos ritualísticos, pelos olhos leigos da sociedade. Ocorre que não somos "meros" repetidores de ritual, qual cenógrafos de teatro. Não sabemos exatamente o que se está fazendo por aí, mas com certeza esse grande comércio de magia que está virando indústria não é umbanda, aquela umbanda simples e de pujança mediúnica instituída pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas.
A ênfase iniciática e mágica, meramente pelo efeito ritual externo, vistoso, decorre da vaidade humana e é um reducionismo da nossa religião, da sua humildade, simplicidade, e principalmente do mediunismo com as suas entidades, verdadeiras mantenedoras da força e do axé de nossos congás por este Brasil afora.


FRAGMENTO DO LIVRO: UMBANDA PÉ NO CHÃO
Ramatís/Norberto peixoto

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