PERGUNTA: - A nosso
ver, a assimilação equivocada do verdadeiro exu da umbanda com
o inexistente demônio popularizado pelos crentes católicos e
evangélicos contribui para a acirrada perseguição religiosa das
igrejas neopentecostais, que genericamente atacam toda a
comunidade umbandista. Em vossa opinião, isso não é
contraditório e injusto?
RAMATÍS: - Na verdade, as leis cósmicas que regem
a harmonia universal desconhecem a contradição e a injustiça.
Assim como os sacerdotes negros que vieram como escravos tinham
sido, em eras remotas, ferrenhos conquistadores, ditadores,
generais e soldados de impérios dominadores do pretérito,
perseguidores das religiões nos territórios conquistados, a
reencarnação coloca ex-inquisidores opulentos como ovelhas
tosquiadas de suas parcas moedas diante de pastores e bispos,
em nome do dízimo que garante o salvo-conduto para as regiões
paradisíacas. Os mesmos que atacam os umbandistas e têm como
meta aumentar o rebanho do bom pastor, fechando o maior número
possível de terreiros na vizinhança, são liderados por
organizações sedentas de dominação coletiva, de grande poder
mental, angariando abertamente novos cofres vivos pela hipnose
amparada pelo verbo fácil, acumulando riquezas para a abertura
de novas igrejas "em territórios a ser conquistados, com outros
terreiros que devem ser fechados.
A umbanda não distingue o bem e o mal aos moldes judaico-cristãos ocidentais. Preconiza, fundamentada nos valores crísticos, universais, a possibilidade de felicidade, numa teologia que libera os adeptos da compunção lacrimosa de sofrer nas entranhas da carne os pecados praticados, desoprimindo da autoflagelação psíquica. Isso acabou criando uma armadilha ante as populações crentes, evangélicas, católicas e neopentecostais: os espíritos de pretos velhos, caboclos e crianças, bons e virtuosos, teceram a representação do bem, equiparados aos mentores kardecistas e aos santos canonizados.
A aplicação da justiça cósmica é entendida precariamente pela maioria, que, inadvertidamente a interpreta como sendo o mal, o sofrimento. Agrava-se essa dissonância com a prática desmesurada de cobrança de trabalhos mágicos, amarrações e despachos pelos motivos mais rasteiros ~ mundanos, em que vários terreiros de práticas mágicas populares, distorcidas, competem na busca dos fiéis, cada vez mais escassos, na tentativa de sobrevivência do "pai ou mãe-de-santo" e para a manutenção das despesas.
Nessa competição, para mostrar quem tem o axé (força) mais eficaz, faz-se qualquer trabalho, atendem-se todos os pedidos pagos, de aborto a desencarne encomendado com despacho sanguinolento em porta de cemitério, encaminhados para os cultos de "exus" e "pomba-giras", identificados erroneamente como espíritos diabólicos da "umbanda". Isso se agravou com o tempo, já que muitos sacerdotes das religiões. afro-brasileiras se "umbandizaram", estruturando um tipo misto de religião.
Estando a mesa posta e o prato servido, apresenta-se o comensal esfomeado, um novo pentecostalismo que "materializa" o diabo, personificado nos terreiros adversários, ali na esquina a poucos passos.
O demônio visível, palpável e identificado, deve ser humilhado, perseguido torturado e vencido.
Logo se demonstram nos transes rituais no interior das igrejas, nas sessões de descarrego, os médiuns desertores da "umbanda", submetidos sem complacência aos exorcismos, com a finalidade de enxotar os "acompanhantes" demoníacos em nome do "Espírito Santo". Igualam-se, pelas leis cósmicas, pastores ludibriadores da fé e pais-de-santos venais; atrito necessário que desperta as lideranças da umbanda da letargia e acomodação, invocando os prosélitos ao estudo e a entender o que é a verdadeira umbanda.
A Divina Luz da umbanda é igual Àquele que tudo vê acima dos jardins dos orixás. Ela rege o instinto de sobrevivência de seus filhos, como se fossem pássaros em vôos sazonais.
Os que não conseguem chegar ao destino
migratório, pela desnutrição que os imobiliza, são assentados,
por misericórdia, em galhos de árvores encontradas no caminho. A umbanda não distingue o bem e o mal aos moldes judaico-cristãos ocidentais. Preconiza, fundamentada nos valores crísticos, universais, a possibilidade de felicidade, numa teologia que libera os adeptos da compunção lacrimosa de sofrer nas entranhas da carne os pecados praticados, desoprimindo da autoflagelação psíquica. Isso acabou criando uma armadilha ante as populações crentes, evangélicas, católicas e neopentecostais: os espíritos de pretos velhos, caboclos e crianças, bons e virtuosos, teceram a representação do bem, equiparados aos mentores kardecistas e aos santos canonizados.
A aplicação da justiça cósmica é entendida precariamente pela maioria, que, inadvertidamente a interpreta como sendo o mal, o sofrimento. Agrava-se essa dissonância com a prática desmesurada de cobrança de trabalhos mágicos, amarrações e despachos pelos motivos mais rasteiros ~ mundanos, em que vários terreiros de práticas mágicas populares, distorcidas, competem na busca dos fiéis, cada vez mais escassos, na tentativa de sobrevivência do "pai ou mãe-de-santo" e para a manutenção das despesas.
Nessa competição, para mostrar quem tem o axé (força) mais eficaz, faz-se qualquer trabalho, atendem-se todos os pedidos pagos, de aborto a desencarne encomendado com despacho sanguinolento em porta de cemitério, encaminhados para os cultos de "exus" e "pomba-giras", identificados erroneamente como espíritos diabólicos da "umbanda". Isso se agravou com o tempo, já que muitos sacerdotes das religiões. afro-brasileiras se "umbandizaram", estruturando um tipo misto de religião.
Estando a mesa posta e o prato servido, apresenta-se o comensal esfomeado, um novo pentecostalismo que "materializa" o diabo, personificado nos terreiros adversários, ali na esquina a poucos passos.
O demônio visível, palpável e identificado, deve ser humilhado, perseguido torturado e vencido.
Logo se demonstram nos transes rituais no interior das igrejas, nas sessões de descarrego, os médiuns desertores da "umbanda", submetidos sem complacência aos exorcismos, com a finalidade de enxotar os "acompanhantes" demoníacos em nome do "Espírito Santo". Igualam-se, pelas leis cósmicas, pastores ludibriadores da fé e pais-de-santos venais; atrito necessário que desperta as lideranças da umbanda da letargia e acomodação, invocando os prosélitos ao estudo e a entender o que é a verdadeira umbanda.
A Divina Luz da umbanda é igual Àquele que tudo vê acima dos jardins dos orixás. Ela rege o instinto de sobrevivência de seus filhos, como se fossem pássaros em vôos sazonais.
O povo de Aruanda, majoritário, segue firme rumo ao horizonte solar, luminoso, que o fortalecerá cada vez mais. Indubitavelmente, os umbandistas caminham mais unidos e preocupados com a preparação dos fiéis após o início dos ataques evangélicos das igrejas neopentecostais, que, ao apontarem as feridas e os desmandos das práticas mágicas populares, contribuem decisivamente para o fortalecimento da umbanda, diante da constatação de que cada vez mais é necessário esclarecer o que não é prática umbandista.
A MISSÃO DA UMBANDA - RAMATÍS/ NORBERTO PEIXOTO - EDITORA DO CONHECIMENTO.
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