Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 12 de julho de 2017

RAMATÍS FALA SOBRE A PROSTITUIÇÃO



PERGUNTA:  Que dizeis da prostituição, em face da vida espiritual?

RAMATIS:  É indubitável ser a prostituição fruto proveniente de um mau comportamento espiritual na matéria. Mas, também, não pode ser julgada e analisada exclusivamente por um parâmetro único, porquanto, há inúmeros fatores de ordem social, financeira, econômica, religiosa, política e patológica, que devem ser examinados, a fim de se julgar o grau de maior ou menor nocividade dessa condição humana, simplesmente qualificada como delito ou pecado, respectivamente, pela sociedade e pelas religiões.
Ademais, embora se diga que é a "profissão mais antiga do mundo", na atualidade, é crescente o número de amadoristas que se entregam a uma prática sexual algo criticável, mercenária ou puramente prazenteira, contribuindo, cada vez mais, para desaparecer o profissionalismo da prostituição. Mas, perante as leis espirituais, a prostituição é tão-somente mais uma condição que retarda a ascese espiritual do ser pela demasiada vivência instintiva e sem objetos definitivos para engrandecer cada vez mais o espírito do homem.


PERGUNTA:  Há quem aponte a prostituição como a pior "chaga da civilização". Que dizeis?

RAMATÍS:  A pior chaga da civilização ainda nos parece a prática nefanda das guerras, que massacram e mutilam agrupamentos humanos de velhos, mulheres, jovens, meninos e até recém-nascidos, os quais mal entreabrem os olhos para a vida. Sob tal, "chaga" ficam os rastros de sangue, vísceras humanas apodrecendo nos campos verdejantes ou nas metrópoles civilizadas, enquanto os sobreviventes gozam do direito de morrer, mais tarde, de fome, de epidemias funestas ou de irradiações atômicas.
Jamais uma prostituta fez tanto mal ao mundo, quanto os puritanos religiosos que confeccionaram a bomba atômica e autorizaram seu lançamento sobre Hiroschima; os armamentistas, cuja mercadoria industrial é a destruição da própria carne humana; os monopolistas que centralizam até o leite, o pão e a medicação em suas mãos avaras, com os lucros ilícitos que lhes permitem o turismo incessante na "dolce vita" e, paradoxalmente, também se prostituem nos "rendez-vous" de alto bordo.


PERGUNTA:  Mas é evidente que ela se apresenta de modo bastante desagradável, ou censurável, pelo fato de ser objeto de comércio explorador, corruptor, dentre os mais ignominiosos?

RAMATIS:  A negociação dos favores femininos, tanto na prostituição profissional, quanto no amadorismo com interesses escusos, é resultado do instinto primitivo e da pusilanimidade da hipocrisia humana, e prende-se, mais propriamente, a uma culpa genérica de toda a humanidade. Direta e indiretamente, raros seres não contribuem mental, verbal e ativamente para a continuidade desse comércio fescenino, o qual é exercido, às vezes, pelas necessidades de sobrevivência material, ou por defeitos psíquicos, o que não isenta os seus exploradores da culpa respectiva. Em consequência, o amor venal é o mais antigo comércio da humanidade, e foi religioso nos templos da Mesopotâmia. Velho tema da história terrícola, não se constitui no pior crime do mundo. E, atualmente, em face de maior libertação e emancipação das mulheres, após o fragor de duas guerras mundiais e destruidoras, surgiram transformações profundas, modificando as estruturas, as bases morais, sociais e políticas do mundo. Sem dúvida, é um problema inquietante mas não o pior, entre múltiplos problemas que afetam a humanidade e requerem a análise e o exame para se obter uma razoável solução.Há escândalos no seio da vaidosa aristocracia e monarquia, remanescentes dos antigos regimes políticos, bem como na burguesia endinheirada e no proletariado imitador.
Nos bastidores das mais avançadas instituições políticas, há irresponsabilidade e desonestidade no emprego do dinheiro público, em qualquer país. Traições partidárias de natureza exclusivamente pessoal, aumento dos vícios pela negligência e impunidade de autoridades, que fazem mais jus ao vocábulo execrável, do que a "prostituição", os "rendez-vous" na França, ou o "trottoir" nos demais países subdesenvolvidos.


DO LIVRO: "SOB A LUZ DO ESPIRITISMO" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO CONHECIMENTO.

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