PERGUNTA: — Seria útil para a doutrina espírita estudar a mente, no sentido de investigar todos os seus refolhos, como fazem o Esoterismo, a Teosofia, a Rosa-cruz e o Yoga?
RAMATÍS: — Evidentemente, deve interessar à doutrina espírita o estudo profundo de todas as faculdades, poderes e recursos do Espírito Imortal, a fim de apressar a evolução da humanidade. E, sendo o Espiritismo um movimento espiritualista prático e popular, sem complexidades iniciáticas, sua principal missão é transmitir o conhecimento direto da imortalidade e ensinar aos homens os seus deveres espirituais
nas relações com o próximo.
PERGUNTA: — Que achais da bibliografia espírita sobre o estudo da mente?
RAMATÍS: — Embora não existam compêndios espíritas especializados sobre o estudo da mente, já é bem extensa a bibliografia que trata desse assunto de modo prático e bastante compreensível. São escritas, comunicações e mensagens mediúnicas dispersas, em várias obras, revistas, jornais e panfletos doutrinários, constituindo excelente repositório de conhecimentos, análises e soluções sobre os problemas
PERGUNTA: — Há necessidade de uma terminologia específica, ou linguagem apropriada, para se compreender a natureza da mente?
RAMATÍS: — Sem dúvida! Os orientais, principalmente os hindus, apercebem-se facilmente dos arrazoados complexos sobre a mente — embora eivados de alegorias, símbolos ou chaves iniciáticas — , porque sentem, através de tais recursos, aquilo que a palavra escrita não pode exprimir na sua frieza. Os ensinamentos orientais parecem complicados na sua expressão figurada, quando compulsados pelos ocidentais, cujo intelecto é avesso a símbolos, terminologias exóticas, alegorias convencionais ou aforismos poéticos. Mas, aquilo que o ocidental precisa "ver" claramente para "crer" o oriental "sente" pela sua avançada sensibilidade intuitiva. Os antigos sacerdotes, magos ou instrutores da vida oculta eram obrigados a resguardar os seus conhecimentos esotéricos, a fim de evitar que os leigos fizessem mau uso de tais revelações.
Todavia, a missão do Espiritismo no século XX é explicar, à luz do dia, a prática desses ensinamentos milenários do mundo espiritual, os quais só eram acessíveis aos discípulos iniciados nas confrarias de mistérios. Cumpre à doutrina de Kardec transferir para a capacidade psíquica do ocidental aquilo que os mestres hindus, caldeus, assírios, egípcios ou persas ministravam sob hieróglifos, símbolos, códigos ou sinais cabalísticos.
PERGUNTA: — Poderíeis explicar-nos algo proveitoso sobre a mente?
RAMATÍS: — A mente é o principal meio de ação do espírito sobre as formas ocultas ou visíveis da matéria; é responsável por todas as criações e metamorfoses da vida. Há muitos séculos, já se citava, na Terra, o sábio aforismo hindu: "o homem se converte naquilo que pensa"; equivalente, também, ao conceito ocidental de que "O homem é o produto do que pensa". O poder, ou a energia mental própria de todo espírito, serve para realizar seus objetivos, de conformidade com as aspirações da consciência. E um reflexo do poder do pensamento emanado da Mente Divina, manifestado através dos espíritos imortais.
O espírito do homem aciona, pelo pensamento, a energia sutilíssima da mente e atua, de imediato, através do duplo-etérico, no corpo físico, onde cessa o impulso gerado no mundo oculto. Sob o processo mental, produzem-se modificações incessantes nas relações do indivíduo com o ambiente e as pessoas. Em conseqüência, o homem é o resultado exato do seu pensamento, porque a mente é o seu guia, em qualquer plano da vida. A mente, enfim, é a usina da inteligência, do progresso moral, físico, científico, artístico ou espiritual. É a base da felicidade ou da desventura, da saúde ou da doença, do sucesso ou da fracasso. A atitude mental pessimista do ser estigmatiza-lhe, nas faces, o temor, o desânimo ou a velhice
prematura, enquanto os pensamentos otimistas dão juventude ao rosto velho, coragem ao fraco e desanuviam os aspectos desagradáveis. Através das diversas vidas físicas, o espírito educa e aprende a governar suas forças mentais, até plasmar sua forma angélica e usufruir a Ventura Eterna.
O homem pensa pela mente, sente pelo astral e age pelo físico. Sofre, por conseguinte, o bem ou mal que pensar, pois, há pensamentos destruidores e há pensamentos construtivos. O pensamento, sendo imaterial, possui um poder maior do que as realidades físicas. E deve conhecer, tanto quanto possível, a ação e o mecanismo da mente, a fim de governá-la como senhor, e não, ser seu escravo.
DO LIVRO: "SOB A LUZ DO ESPIRITISMO" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO CONHECIMENTO.
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