PERGUNTA:
Por acaso é criticável, quando, ao julgamento social do mundo, orientado para
um sentido ético e moral dos valores nobres da vida, haja essa separação algo afrontosa
de "mulher honesta" e de "mulher prostituída"?
RAMATÍS:
Ambas foram criadas a fim de servirem como o vaso sublime da vida física e,
tanto quanto possível, progredir incessantemente pela libertação dos grilhões da
vida animal inferior. No entanto, a proverbial hipocrisia masculina, que vê na
mulher tão somente um objeto de prazer sexual, facilmente envolve a moça
ingênua, inexperiente ou acicatada pelo seu indecifrável impulso erótico, ou a
estigmatizada perante a sociedade sofisticada e farisaica, na figura desprezada
da "mãe solteira", ou de um repasto sem problemas, das célebres
garotas-de-programas. Inúmeras vezes, a jovem desperta e avalia a sua situação,
doravante alvo específico da concupiscência masculina, enfrentando as mais
chocantes dificuldades, quando pretende, heroicamente, amparar e criar o fruto
do seu suposto pecado sem a possibilidade de manter-se no emprego, em face do
contrapeso indesejável do filho. E, não raras vezes, as manchetes escandalosas
dos jornais noticiam na gelidez do noticiário sensacionalista, o infanticídio
da "mãe desnaturada" que não quis criar o fruto dos seus amores
clandestinos ou, quando possível, o aborto nas mãos perigosas da primeira
fazedora-de anjos, ou ainda, o tresloucado suicídio, ante o estigma infamante
de prostituta. No
entanto, várias criaturas que destilam veneno pelos lábios pérfidos, ultrajando
a infeliz cobaia do homem fescenino, mal dominando as suas taras compensadas na
intimidade "oficial" do lar, julgam-se de um comportamento irrepreensível,
confundindo a bênção do casamento depois da queda do noivado, com virtude
impoluta.