PERGUNTA: E quanto às curas
de paralíticos, cegos, surdos, mudos, que nos podeis esclarecer?
RAMATÍS: Embora se tratasse de entidade angélica, responsável pela vida
espiritual do orbe terráqueo, Jesus também teve que se adaptar sensatamente ao
metabolismo complexo da vida humana e de suas relações com o meio. Sob a
pedagogia dos Essênios, amigos da família, Jesus desenvolveu as suas forças
ocultas sob rigorosa disciplina e aprendizado terapêutico, a ponto de curar
pela simples presença, aqueles que dinamizavam um intenso estado de fé em sua
alma.
Mas ele não violentou ou contrariou as leis do mundo físico ou do
mundo espiritual. Seguia determinados métodos e regras na distribuição,
concentração e doação dos seus fluidos curadores. O Mestre, embora um Sábio e
um Justo, submetia-se fielmente ao mecanismo natural da vida humana criada por
Deus e exercia o seu ministério sem discrepar dos princípios de controle e
organização dos mundos planetários. Não há dúvida de que a capacidade
espiritual de Jesus poderia dispensar qualquer técnica ou gestos apropriados
para efetuar suas curas. Mas a verdade é que ele mesmo mobilizava, dirigia e
aplicava os fluidos terapêuticos conforme as leis que os regiam. No entanto,
quando são os espíritos desencarnados que, junto a um médium curandeiro,
efetuam o socorro fluídico, estes não precisam fazer nenhum gesto, porque ali
apenas funcionam como o catalizador da fé dos doentes, enquanto seus protetores
seguem as regras das leis terapêuticas. Assim, Jesus curava pela imposição das
mãos, pela concentração e dispersão de fluidos, atuando a guisa de um técnico
hábil, movimentando com segurança e precisão as forças vivas criadoras.
Qualquer ginasiano sabe que a eletricidade exige determinados recursos e sensatez
para ser aplicada com êxito e segurança em favor do gênero humano. Ela não se
escoa pelas pontas ou hastes obstruídas por isoladores de louça, por mais
vigorosa que seja a capacidade da Usina ou o comando do mais avançado eletrotécnico.
As leis que regulam o fluxo da energia elétrica exigem caminho livre e sábio
controle no seu manuseio, para resultarem benefícios como o calor, a luz, o
frio e a força geradora. Jesus, portanto, lidando com forças mais sutis,
disciplinadas por leis da mais alta fonte criadora do Espírito, um Sábio e não
um milagreiro, operava de modo inteligente nas suas curas, submetendo-se à técnica
e às regras terapêuticas do magnetismo superior! Sem dúvida, o ingrediente
principal que dinamizava essas forças com êxito e eficiência era a natureza
angélica de sua própria alma, doando-se na receptividade confiante e merecedora
de seus enfermos. Sadio de organismo, sem qualquer deformidade
"psico-física", com um duplo etérico portador do mais puro ectoplasma,
em combinação com o mesmo elemento extraído da contextura do próprio orbe,
Jesus era uma antena viva diamantífera, de onde fluíam energias vitais, que
operando modificações surpreendentes nos enfermos, eram tidas por milagres!
A
sua palavra criadora era penetrante e hipnótica; insuflava a vitalidade, o
ânimo, a alegria e a esperança nos que o ouviam. O seu falar se impregnava de tal
força, que os paralíticos se moviam, os cegos enxergavam e os leprosos se
limpavam das chagas corrosivas! Era um fabuloso potencial de energias criadoras
que lhes dava a saúde e restabelecia-lhes o dinamismo orgânico. Aliás, o
conhecimento moderno da própria ciência acadêmica demonstra que o ser humano
pode despertar e acumular forças vitais em si mesmo, quando confia e submete-se
incondicionalmente a uma vontade insuperável, que o convence de curá-lo de
todos os seus males. E' o que acontece mui comumente com certos enfermos que
procuram a fonte milagrosa de Lurdes, pois incendidos por uma fé que lhes ativa
todo o cosmo orgânico-vital, logram curas surpreendentes, que são fruto de sua
própria mobilização energética. No entanto, outros, menos graves, mas
vacilantes e pessimistas, escravos da incerteza espiritual que cerceia o fluxo
vital de sua reserva corporal, voltam sem obter resultado algum.
Quando Jesus assinalava a confiança nos olhos súplices dos enfermos,
envolvia-os com as ondas do seu mais profundo amor, ativando-lhes a germinação
de forças magnéticas através das próprias palavras e gestos com que os atendia;
e, à semelhança de misterioso turbilhão, fazia eclodir poderosos fluidos no
mundo interior dos infelizes enfermos! Sob os gritos de júbilo desatavam-se os
músculos rígidos ou se ativavam nervos flácidos; desentorpeciam-se membros enregelados,
enquanto as correntes vitais purificadoras regeneravam todo o sistema orgânico,
restituindo a vista a cegos, saturando as cordas vocais nos mudos,
sensibilizando sistemas auditivos, desatrofiando tímpanos, curando surdos! A
influência excitante e criadora que o olhar do faquir exerce sobre a semente
enterrada no solo, para obrigá-la a dinamizar suas energias ocultas e crescer
apressadamente, Jesus também a exercia, através do poder assombroso e dinamizador
do seu olhar! Um corpo chagado tornava-se limpo no prazo de alguns minutos, sob
o energismo incomum que o Mestre projetava na alma e no organismo dos enfermos!
Mas insistimos: era um processo que não causava espanto nem
ultrapassava o entendimento comum de Jesus sobre as leis criadoras, e não
surpreendia os anjos que o acompanhavam na sua peregrinação sobre a face da
Terra. Jesus lidava sensatamente com as forças regidas pela física
transcendental, embora fosse a fonte doadora dos fluidos que temperava com seu
sublime amor. Por isso, ao terminar as suas curas, ele ficava num estado de
visível exaustão, pálido e trêmulo recompondo-se aos poucos, graças também ao
recurso da prece e ao auxílio dos seus amigos espirituais.
DO LIVRO: “O SUBLIME PEREGRINO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO
CONHECIMENTO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.