PERGUNTA: Embora a mecânica de incorporação tenha
sido esclarecida em capítulo anterior, podeis explaná-la resumidamente,
principalmente quanto às características das manifestações mediúnicas e atuação
na magia das entidades, em cada uma das linhas vibratórias ou orixás?
VOVÓ MARIA CONGA:
Que fique claro que os orixás vibram em todos os chacras. Para o entendimento
dos filhos, comentaremos as posições mais vibradas em cada chacra.
Iniciemos por Oxalá, que vibra mais no chacra coronário
e tem seu "receptor" no corpo físico na glândula pineal. As
manifestações medi únicas se dão por um leve roçar no alto da cabeça, que se
propaga como uma espécie de friagem até a altura do tórax. Atuam basicamente pela
irradiação intuitiva, pela inspiração e clarividência. Na magia, atuam
coordenando o equilíbrio planetário. São os mestres que orientam o movimento de
Umbanda, e em geral são os mentores de pontos de doutrina. Alguns nomes de
entidades: caboclos Urubatã da Guia, Guaracy, Guarani, Aimoré, Tupy, Ubiratan e
Ubirajara. Yemanjá tem maior receptividade vibratória no chacra frontal e na
glândula pituitária.
Manifestam-se serenamente, com beleza e suavidade. Dão
um pequeno balanço geral e levantam os braços no sentido horizontal, tremulam
as mãos e balançam a cabeça. É muito rara a incorporação, pois atuam na
irradiação intuitiva e no corpo mental do médium. Não dão comunicação ou
consultas, e, assim como a linha de Oxalá, são valiosos colaboradores, e algo silenciosos.
Na magia atuam nas limpezas astrais pela movimentação do elemento água e dos espíritos
da natureza, ondinas e sereias, ligados a esta vibratória. As vibrações desse
orixá mantêm as forças das marés pelo magnetismo lunar, importantíssimo para a
vida no planeta. É comum chamarem-se de caboclas Yara, Estrela do Mar, Indayá,
Inhançã, Nana-Burucum, Oxum. Yori vibra no chacra laríngeo, sendo a glândula
tireóide sua receptora. Agem diretamente na fonação. Em geral gostam de falar.
Suas incorporações vitalizam o complexo físico, etérico e astral dos médiuns e
do ambiente. Emitem seus fluidos inicialmente pelo chacra frontal,
"pegando" harmonicamente o aparelho, movimentando bastante os braços
e pernas. Na magia neutralizam quaisquer fluidos enfermiços por suas vibrações
puras, inocentes e de grande sabedoria. Em geral, se manifestam para
"fechamento" dos trabalhos das demais falanges, deixando equilíbrio e
paz para os consulentes e médiuns. Alguns nomes dessa vibratória, que se
apresentam como crianças: Tupanzinho, Mariazinha, Chiquinho, Damião, Doum,
Cosme, Jureminha.
Os justiceiros de Xangô vibram com mais intensidade no
chacra cardíaco: glândula timo. Na mecânica de incorporação,
"ligam-se" ao chacra cardíaco pelo corpo etérico do médium, alterando
a fisionomia e a voz, e o ritmo de batimentos do coração. Os filhos sentem inicialmente
uma sensação de entorpecimento que vem pelo alto da cabeça, atingindo o pescoço,
fazendo o aparelho rodar, pois alteram a freqüência do corpo astral e, rodando
o médium, conseguem um ajustamento para a perfeita manifestação. A respiração
fica ofegante, produzindo, na maioria dos casos, alguns "arrancos",
decorrência da contração do corpo físico que está em rápida adaptação
sensorial. As incorporações são fortes e marcantes, mas isso não quer dizer
exibição ou agressividade, que ficam por conta do animismo dos médiuns. Na magia,
trabalham retendo as entidades sofredoras e magos negros, levando-os para os
tribunais divinos, onde se restabelecerá o equilíbrio cármico. Corrigem erros e
desacertos. Alguns caboclos dessa linha: Ventania, Rompe-fogo, Sete Montanhas,
Pedra-branca, Sumaré, Sete Pedreiras.
Os "guerreiros" de Ogum vibram mais no
chacra gástrico ou solar: glândulas suprarenais. Produzem na fenomênica
mediúnica alterações fortes, fisionômicas, psíquicas e vocais. Representam
aproximadamente 70 por cento das entidades manifestantes pela mecânica de incorporação.
A ligação fluídica com o aparelho começa pela cabeça, fixando espécie de roçar,
ou friagem nas costas, tornando a respiração arfante. Quando "pegam"
o médium dão um meio giro com o tronco, e levantam os braços, cerrando os punhos.
Esboçam alguns mantras com assovios e brados. Na magia, atuam pronunciando sons
cósmicos com os quais comandam os espíritos da natureza, preservando o médium e
higienizando o ambiente. São os "guerreiros" vencedores de demanda,
que combatem com heroísmo e valentia a escória do Astral Inferior, retendo-os e
entregando-os para o encaminhamento das falanges de justiça do orixá Xangô. Alguns
nomes desta vibração: caboclos Ogum Delê, Rompe-mato, Beira-mar, Megê, Yara, Humaitá,
Sete Espadas. No chacra esplênico (baço) temos a posição mais
vibrada de Oxossi. A ligação com o médium começa com uma sensação de friagem, que vai até
as pernas, e dão ligeiros tremores nos braços. São entidades suaves, que falam
calmamente, sendo seus passes e consultas realizados em harmonia e calma. Na
magia, são exímios manipuladores das energias expansíveis da natureza, tendo no
elemento ar a sua representação. Atuam como xamãs curadores, extraindo do
médium o ectoplasma necessário aos trabalhos de cura. Agem na coesão molecular
dos órgãos etéricos, realizando enxertos e recompondo tecidos enfermiços, de
encarnados e desencarnados também. Seguem alguns nomes de entidades dessa
vibratória: caboclos Arranca-toco, Cobra-coral, Tupy-nambá, Jurema,
Pena-branca, Arruda, Araribóia.
Finalmente, a vibração em que atuamos com mais
desenvoltura no mediunismo de Umbanda, a do orixá Yorimá, ou pretos velhos, que
vibra mais intensamente no chacra básico, também conhecido por genésico. Há uma
glândula do tamanho de uma ervilha situada na base da coluna vertebral, ou
cóccix, que é receptiva ao "toque" etérico para manipulação das energias
do Kundalini. Atuamos na mecânica de incorporação produzindo alterações na
fisionomia, mas sem que os aparelhos percam a suavidade
do conjunto. Geralmente os filhos curvam a cintura pelo desfalecimento das
pernas, já que atuamos fortemente no chacra básico.
A ligação fluídica com o médium começa com certa
friagem pela fronte e que rapidamente desce pela coluna vertebral causando um
certo amolecimento, espécie de desfalecimento que leva o aparelho a curvar a
cintura. É oportuno salientar que muitos pretos velhos atuam pela irradiação
intuitiva, mais diretamente nos chacras coronário e frontal, e que não
precisamos estar "incorporados" para as consultas e curas. Na magia
assim como as entidades de Oxossi, somos exímios curadores e manipuladores de
ectoplasma, já que vários de nós foram magos de outrora, do antigo Oriente, do Congo
velho e Etiópia. Atuamos com maestria em desmanchos de feitiçarias, de
trabalhos de magia negra, dissipando fluidos pesados e deletérios. Somos ainda
utilizadores dos espíritos ligados à natureza, gnomos, duendes, silfos e
salamandras, fiéis executores de nossos comandos mentais para o bem e cura. Alguns
pais e vovós desse orixá: Pai Guiné, Pai Benedito, Pai Joaquim, Pai Tomé, Vovó
Catarina, Vovó Cambinda, Vovó Angola.
DO LIVRO: “EVOLUÇÃO NO PLANETA AZUL” RAMATÍS/VOVÓ
MARIA CONGA/NORBERTO PEIXOTO – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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