"A
montanha da Sabedoria, com o pico da Iluminação, fica além da planície do
Conhecimento.
Antes
dela, o pântano da Ignorância. A grande massa da humanidade fica presa aí, por desconhecer
o segredo da passagem. Só se pode passar volitando o pântano - e raros querem abandonar
à margem o peso do Orgulho. Só o coração humilde tem asas." Shi-Ling
Lendo
certas notícias sobre trabalhos apométricos circulantes por aí, lembrei da
imagem do sábio Shi-ling e de um santo remédio para atenuar o que ele poderia
chamar de síndrome do atoleiro na ausência de asas. Uma pequena ajuda que, em
doses certas, se não cura totalmente, diminui em muito aquele peso
constrangedor que ele refere. Nada muito exótico: a poção paliativa chama-se Leituras
Básicas.
É
impressionante o número de viventes que se atola em águas rasas só por
esquecer, ou subestimar, o valor que tem esse chazinho de
letras para diminuir aquela sensação incômoda de peso
nas idéias.
Pois
uma limpeza básica nas idéias devia ser, para todo mundo que se põe a lidar com
os corpos dos humanos para melhorá-los - caso da Apometria - o estudo dos
conceitos básicos sobre esses famosos veículos do homem. Antes de sair
reinventando a roda - em formato quadrado.
Desde
que o mundo é mundo - ou, vá lá, desde as Escolas de Sabedoria da velha
Atlântida (1) (o que já dá muito tempo!) - e em todas as escolas esotéricas do mundo,
se aprendeu que o ser humano se compõe de uma dualidade: uma porção divina,
imortal - e outra mortal e "imperfeita".
Não
é outro o simbolismo do centauro (não fossem os gregos herdeiros da sabedoria
atlante, em sua iniciática mitologia!). Todas as religiões se construíram - com
maior ou menor ingenuidade - sobre esse dualismo; e algumas, com a rígida
discriminação Espírito é o bom / Matéria é lixo, que deu
no que deu na Idade Média.
1
- E nos Vedas hindus, no velho Egito, no Tibet, entre os Essênios, na Escola
Pitagórica e nos Mistérios da Grécia, no Cristianismo primitivo, e depois na
Rosa Cruz, na Teosofia, e nas demais tradições antigas e modernas.
Mas,
espanando o pó e as teias de aranha, se vê que, por baixo, encontra-se uma
verdade básica, avalizada por todas as Escolas Iniciáticas do passado e do
presente: o ser humano se compõe de uma duplicidade que se costuma chamar -
pelas últimas dezenas de milênios - de Eu Superior e Inferior. Correntes
contemporâneas têm adotado as denominações - muito didáticas – de Individualidade
e Personalidade, para esses dois componentes do homem.
Nada
de misterioso ou difícil. Apenas, aqui entram na história os tais famosos
Corpos ou Veículos do homem - sete,
divididos entre esses dois níveis, o do Eu
Superior ou Eu Real,
a Individualidade - e o Eu Inferior ou
Personalidade (a natureza dos sete corpos, a propósito, é ensinada sempre nos
mesmos termos, desde os primórdios da civilização do planeta).
E
o que ensinaram, desde sempre, os Sábios e os Mestres?
Que
a Centelha Divina - nós - também chamada Mônada, sendo da mesma natureza do Imanifesto,
o Absoluto, não pode "descer" para os Planos do universo manifestado
(sete), e "mergulhar na corrente da evolução" (a famosa "Queda
do Homem"). Por isso, projeta um Eu Superior - a Individualidade, que
possui todos os atributos da sua perfeição -
extensão que é dessa Divina Centelha. Esse Eu
Superior inclui três veículos
- os corpos superiores - que possuem as divinas qualidades de Vontade /
Amor-Sabedoria / Ação.
Esses
três corpos de perfeição,
reflexos da perfeição da Mônada, são conhecidos como Atma-Buddhi-Manas no
Oriente; ou Corpo Átmico, Corpo Búdico e Corpo Causal (Mental Abstrato/Mental
Superior) na nomenclatura mais familiar ao Ocidente. Eles são o Homem Real, o nosso
Eu Interno de Luz e Beleza perfeitas (sem necessidade de retoques).
Essa
é a "porção superior" do centauro, que as religiões costumam
simplificar chamando de alma ou
espírito imortal
(ignorando sua constituição tríplice). Mas o que importa é o conceito claro que
acompanha esse conjunto dos três corpos - o Ternário Superior. Trata-se da parte
divina do homem, repositório de seus ilimitados
poderes, da divina sabedoria e do perfeito amor (2). A nossa meta evolutiva -
daí o aforismo oriental: "Tornai-vos aquilo que sois", inexplicável
sem a chave do conhecimento oculto...
Do livro: “JARDIM DOS ORIXÁS”
RAMATÍS/NORBERTO PEIXOTO – EDITORA DO CONHECIMENTO.
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