PERGUNTA: - É certo que os velhos mestres da
tradição iniciática não endossam a codificação espírita, porque Allan Kardec
expôs demasiadamente em público os mistérios do Ocultismo?
RAMATÍS: -
Allan Kardec foi um dos mais avançados mestres de iniciação esotérica do
passado, bastante familiarizado com a atmosfera dos templos egípcios, caldeus e
hindus.
E inúmeros iniciados que desenvolveram suas energias
psíquicas e despertaram seus poderes espirituais nos ambientes dos antigos
templos inciáticos, também estão agora encarnados na Terra e cooperam
valiosamente na seara espírita. Pouco a pouco, eles revelam os conhecimentos
ocultos, que Allan Kardec teve de velar em sua época por falta de um clima
psicológico adequado e favorável aos ensinamentos esotéricos, em público.
Esses iniciados, com o auxílio da própria Ciência profana,
extirpam gradualmente da prática mediúnica muito compungimento lacrimoso e religioso,
que não se coaduna com o espírito científico, lógico e sensato dos postulados
espíritas, cada vez mais avançados.
O Espiritismo simplificou os ensinamentos complexos do
Oriente, como a Reencarnação e a Lei do Carma, expondo-os de modo conciso e
fácil, sem as sutilezas iniciáticas, os simbolismos complexos e as grafias
sibilinas do sânscrito, graduando-os de acordo com a capacidade mental dos seus
adeptos ainda imaturos para uma didática muito esotérica.
Porém descansem os espíritas demasiadamente ortodoxos
e temerosos de qualquer "confusão doutrinária", no seio do
Espiritismo, só porque venham a examinar os ensinos e os conhecimentos de
outros movimentos espiritualistas.
Mesmo porque a revelação do verdadeiro mecanismo da Vida
do Espírito Imortal não se fará de modo instantâneo e miraculoso. Isso se
processará através do estudo, de pesquisa e da busca incessante por parte do
discípulo liberto de qualquer condicionamento sectarista.
A cômoda atitude do espírita ignorar propositadamente
qualquer assunto que não se relacione com a sua doutrina, em geral, é mais
fruto da preguiça mental do que mesmo receio de confusão doutrinária. Aliás, a confusão não está nas coisas que
investigamos. Ela está em nós mesmos, pois só o homem realmente confuso tem
medo de conhecer outros movimentos esotéricos, cujos princípios doutrinários apoiam-se
também nos fundamentos em que assentam os postulados do Espiritismo. Tal receio
resultará num estacionamento mental obstinado, que não livrará o discípulo de
enfrentar essa tarefa nesta ou noutra existência terrena.
A Terra é escola de educação espiritual
primária que só libera os seus alunos depois que eles forem aprovados em todas
as matérias nela existentes. Os espíritas sabem que não há "graça"
nem privilégios extemporâneos na senda da evolução espiritual; por isso, quando
o discípulo desperta para a realidade da vida imortal, ele encontra-se diante
de um problema capital de sua existência, porquanto, ao mesmo tempo, entram em
conflito, na sua consciência, os instintos primários do animal e a súplica do anjo
para que ele prefira lutar para subir ao Paraíso. É o momento cruciante, que os,
hindus definem como o adepto caminhando sobre o "fio da navalha",
porque, realmente, ele encontra-se angustiado e indeciso entre o "céu e o
inferno", pois tem de desintegrar a personalidade do "homem velho",
dando ensejo ao nascimento do "homem novo" do padrão angélico
enunciado por Paulo de Tarso. (8).
Depois que o homem encerra a sua iniciação
espiritual na Terra, aprendendo todo o alfabeto das matérias primárias que lhe
testam o coração e lhe desenvolvem o intelecto, então será promovido para o
mais próximo "ginásio planetário" 9. Não é justo que os
alunos reprovados no curso primário terreno, antes de haverem assimilado
integralmente os seus ensinamentos de menor envergadura espiritual, devam
ingressar num curso superior.
8) - Nota
do Revisor: Diz o brocardo hindu: "Difícil é andar sobre o aguçado fio de
uma navalha; e árduo, dizem os sábios, é o caminho da Salvação". Para o
leitor estudioso, recomendamos a obra "O Fio da Navalha", de
W. Somerset Maugham, romance que expõe de modo compreensível inúmeros ensinos e
admiráveis atitudes do discípulo oriental.
9) - Vide a
"Vida no Planeta Marte", de Ramatís, capítulo I, "Aspectos
Marcianos"; vida marciana que, em comparação à existência terrena
exaustiva e trôpega, mais se assemelha a um "ginásio planetário".
Do livro: “Elucidações do Além”
Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.
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