RAMATÍS: Sem dúvida, todos os filhos de Deus, mesmo os mais perversos, são dignos da magnanimidade divina e dos ensejos reeducativos para a sua redenção espiritual, embora suas provas devam ser disciplinadas pelo mesmo esquema espiritual de que “a colheita é de acordo com a semeadura”! É óbvio, pois, que as condições, os processos e o tempo empregado nessa retificação redentora, variam segundo o volume dos equívocos e delitos praticados pelos espíritos endividados.
Os tiranos, os fazedores de guerras e os exterminadores de povos, depois da morte física enfrentam, por longo tempo, problemas terríficos e cruciantes de acordo com a extensão dos seus crimes e segundo a soma exata de todos os minutos que empregaram nos atos de perversidade, vandalismo e prejuízo à humanidade. No entanto, depois de submetidos aos processos de retificação espiritual, mediante reencarnações sucessivas, que se processam através dos séculos, eles também logram a sua melhor graduação para os ensejos angélicos do futuro. Porém, não julgueis que os tiranos e os déspotas são os únicos culpados pelos massacres, vandalismos, crueldades e saques praticados pelos seus comandados em tempo de guerra; a responsabilidade e a culpa são distribuídas proporcionalmente de acordo com as responsabilidades individuais de todos que, direta ou indiretamente, são unidades do conjunto. Em face da liberdade criminosa ensejada pela guerra, há soldados que deitam fogo a cidades indefesas, saqueiam os bens alheios, mutilam combatentes adversos, torturam fugitivos, trucidam jovens, velhos, mulheres e crianças, quer em obediência a ordens superiores, ou seja pela sua perversidade na desforra. Mas a Lei Cármica, em sua ação justiceira e impessoal pesa criteriosamente a “culpa individual” de cada criatura, responsabilizando-a por todo estímulo belicoso, ato agressivo ou contribuição direta ou indireta às atividades sangrentas da guerra desumana e fratricida. Nenhum tirano, por mais poderoso e cruel, pode conduzir sozinho uma nação à guerra e ensopar de lágrimas o mundo. Ele, para atingir os seus fins bestiais, precisa do apoio incondicional dos próprios compatriotas e súditos. Geralmente, ante a simples perspectiva de uma guerra contra o “inimigo”, logo homens e mulheres estremecem, apreensivos; porém, ante a possibilidade de sua pátria ser vitoriosa contra as nações “inimigas”, então, em quase todos desperta a cupidez, a ganância e a desforra. Sob o clima beligerante, até as almas sensíveis de artistas, filósofos ou poetas, deixam-se contagiar pelas falsas glórias colhidas nos orticínios coletivos dos povos adversos; e cantam hosanas ou compõem poemas à pátria heráldica, incentivando o povo a impor-se triunfalmente na face da Terra.