PERGUNTA: - Como o fetichismo das crenças mágicas populares, juntamente com o sincretismo, fez "exu" ser associado ao diabo, numa distorcida adoração ao demônio, como rito institucionalizado?
Mesmo "exu" tendo sido transformado em diabo, é um diabo dos católicos, com a seguinte falsa imagem: ganhou chifres, rabo, pés de bode, labaredas infernais, capa, tridentes e outros adereços dos demônios antigos e medievais, arquitetados pelo catolicismo inquisitorial para combater as seitas pagãs. Essa aparência assustadora foi inspirada por videntes influenciados pelas entidades "infernais" do Astral inferior, que se locupletam nos gozos terrenos imantados a seus dóceis aparelhos fascinados que enxameiam na crosta, ocasionando a invasão dos congás por imagens diabólicas, facilmente encontradas em qualquer esquina citadina, em suas floras comerciais e lojas de quinquilharias mágicas.
O Astral inferior, alter ego da maioria dos homens, exultante, conseguiu dar um perfil psicológico de gozador, beberrão, violento e destemido e atribuiu palavras chulas e de baixo calão aos prestimosos exus, introduzindo o falso, o engambelo no trabalho verdadeiro dessas entidades luminares da Divina Luz, da umbanda. Tristemente, associaram-no a locais dissolutos; seus sítios vibracionais tornaram-se as encruzilhadas das ruas e seu habitat no Astral transfigurou-se em becos de prostituição, entre vapores etílicos, baforadas de cigarrilhas fétidas, garrafas de cachaça quebradas e mulheres seminuas que vendem o corpo pelo vil metal.. Na verdade, esses cenários são os que nutrem os canecos e as piteiras vivas do além-túmulo, que dominam muitos terreiros ditos de "umbanda", na Terra, mas que aos olhos do Espaço servem de ponte para o parasitismo alimentado pelo que há de mais inferior que se agasalha nos egos inflados das frágeis criaturas humanas: a satisfação dos desejos, doa a quem doer.
RAMATÍS - A MISSÃO DA UMBANDA
NORBERTO PEIXOTO
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