Quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas profetizou que, para ele, "não haverá caminhos fechados", utilizou-se dos atributos divinos com poderes de realização de dois orixás, a saber: Exu e Ogum.
É notória a relação estabelecida entre os caminhos e as encruzilhadas. Ogum é o Orixá dos caminhos, mas é Exu que abre e fecha as encruzilhadas. Então, o mito fundante da Umbanda tem a personagem principal, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, como uma entidade que assimila as forças de concretização do projeto da religião nascente nestes dois Orixás, que vão à frente, literalmente tirando os obstáculos do percurso.
O nome adotado pelo espírito responsável por viabilizar a nova religião para a humanidade esclarece a própria formação do imaginário umbandista, que se apresenta como sete encruzilhadas, onde se encontrarão várias tradições e saberes; catolicismo, espiritismo, religiões tradicionais africanas, pajelança indígena, esoterismo e os novos cultos da diáspora amalgamados com as práticas mágicas populares, dando abertura ainda para influências esotéricas das mais diversificadas origens. Sem dúvida, este encontro de caminhos que se cruzam produziu a fermentação do "bolo", que não parou por aí.
Ocorre que a Umbanda é atualíssima, se renova e agrega novas tradições a cada dia, como o hinduísmo, o islamismo e até o próprio Santo Daime, entre outras.
Livro: As Flores de Obaluaê (pág: 16,17)
Autor: Norberto Peixoto
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