PERGUNTA: - O Brasil é um país continental e tem um povo de grande misticismo, que abriga variadas formas de mediunismo mais arcaico, inclusive com sacrifícios de animais: pajelança da Amazônia, candomblés de caboclo, catimbós, ritual de xangô, catimbó-jurema, entre outros. Qual a finalidade desses movimentos? Podemos chamá-los de Umbanda?
VOVÓ MARIA CONGA: - Agradeçamos todos ao Alto por essa pátria abrigar todos os seus filhos em seus anseios espirituais. O que parece uma balbúrdia para os homens, é abençoada acomodação das consciências em evolução. É com essa liberdade de semeadura que vão os filhos evoluindo, e o que muitas vezes parece uma insensatez aos olhos dos julgamentos precipitados dos homens, é sensata caminhada rumo à colheita de luz. Os mais recatados em seus valores espirituais consideram tais ritos e práticas como "pecaminosos", já que são de opinião que estão no caminho certo e que suas doutrinas ou religiões são as verdadeiras, como se a Divindade os elegesse. Mesmo os que estão ainda retidos em rituais "arcaicos", como o de sacrifício de animal em nome de orixá cultuado, oferenda dispensável, já que nenhuma vida no Cosmo deve findar em prol de outra, reconheçamos que por tratar-se de ato de fé, de crença fervorosa para com a Divindade, esses filhos também estão no caminho do despertamento amoroso, como todos no Universo. Muitas vezes, esses mesmos críticos acham-se superiores no seu misticismo com o Além, mas esquecem-se da palavra fraterna e solidária no banquete diário de negócios em que a maledicência se instala, servidos que se encontram com finos alcoólicos e cortes especiais de carnes suculentas e mal passadas, distantes dos locais em que se mostram caridosos e humildes no encontro do culto semanal que praticam.
Nessas ocasiões que se satisfazem avidamente, não imaginam que, para os "olhos" do Além, a expressão da fé, mesmo "arcaica", é direito inalienável de cada cidadão, ao contrário da satisfação dos instintos animalescos dos homens "evoluídos". Não podemos afirmar que essas manifestações de mediunismo sejam Umbanda, de conformidade com o planejamento sideral desse movimento, mas pela sua universalidade nata, pois oriunda do Cristo Cósmico na sua essência amorosa, as altas entidades do Astral, dirigentes do mediunismo umbandista no Brasil, preveem que a Umbanda acabará abrigando em seu seio todas essas expressões de fé, pois há uma depuração irreversível de todas essas práticas, o que é coerente com a própria evolução dos homens, sendo que a própria Umbanda está em constante mudança evolutiva nesta era de Aquário.
PERGUNTA: - Mas não há o risco de ocorrer exatamente o contrário, ou seja, de alguns cultos enfraquecerem o movimento de Umbanda, como o da jurema, por exemplo, que foi introduzido e é praticado em Terreiros ditos de Umbanda no Nordeste?VOVÓ MARIA CONGA: - O culto de Jurema, de origem indígena inicialmente, com o decorrer do tempo sofreu alterações decorrentes da influência afrobrasileira.
Como é praticado nos dias atuais nos terreiros de Umbanda citados, é uma mistura do candomblé, do espiritismo kardecista, do catolicismo e da Umbanda, chamada popular. Dá-se origem a uma nova prática, onde todos esses elementos se harmonizam em sua existência dinâmica com o mediunismo que a todos abriga, e nessa reformulação de hábito religioso, originalmente restrita às tribos indígenas que habitavam essas regiões, o espaço místico que nasce, aparentemente inusitado, fortalece os filhos nos ideais do bem e da fraternidade. A convivência pacífica no terreiro, que se torna ponto de convergência de vários conflitos existenciais e dos mais diversos anseios espirituais, gerados na coletividade materialista que cerca os filhos simples e iletrados, na sua maioria é motivo de congraçamento amoroso entre as criaturas.
Nas assimilações e ritos adaptados, as curas e reformas morais vão ocorrendo, e, por meio da palavra de alento do humilde preto velho e dos "puxões de orelha" dos caboclos altivos, vão todos revendo seus valores e aprendendo verdadeiramente o exercício da solidariedade e do amor. Fortalece-se o movimento de Umbanda, exatamente pela sua constante evolução e adaptabilidade a todos que o procuram, pois não está amarrado a dogmas doutrinários. Os atos nefastos de irmãos inescrupulosos nas lides com o Além, que se aproveitam da fé e do desespero daqueles que os procuram, são defeito unicamente dos homens e não estão limitados somente à Umbanda, que, por estar em constante evolução, é mais visada para criticas.
Qualquer movimento do bem na face planetária, onde haja o intercâmbio com o Além, não está sujeito aos caprichos de vaidade e egoísmo, nem a modelos particularistas criados pelos mercadores de graças que a tudo resolvem com interesses de ganho em proveito próprio. Nesses casos, seja o nome que tiverem em suas práticas, os bons obreiros, mentores, guias e protetores da Espiritualidade do Além se farão ausentes.
DO LIVRO: "EVOLUÇÃO NO PLANETA AZUL" RAMATÍS e VOVÓ MARIA CONGA/NORBERTO PEIXOTO - EDITORA DO CONHECIMENTO.
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