PERGUNTA: - Quais as diferenças entre umbanda e espiritismo?
RAMATÍS: - As peculiaridades que distinguem as práticas espíritas das umbandistas foram aprofundadas em outra obra.[4] É importante relembrar que a umbanda é um movimento espiritualista visivelmente diferente do espiritismo, mas com muita sincronia em vários aspectos, tendo em vista que ambos são regidos pelas leis universais que regulam o intercâmbio entre os planos de vida.
A umbanda fundamenta-se na magia e nas forças da natureza manifestadas nos planos das formas (mental e astral), representadas pelos orixás. Ela não concorre com os centros espíritas, que não permitem símbolos mágicos, cânticos, defumações, ervas, essências aromáticas, fogo, pólvora, velas.
O espiritismo preconiza libertar os homens das formas transitórias e não aceita a magia em seus postulados doutrinários. Infelizmente, muitos homens ditos espíritas se consideram melhores, superiores e salvos em relação aos umbandistas, condenando equivocadamente a umbanda em suas atividades de intercâmbio com o Espaço. Lamentavelmente, muitos dirigentes zelosos da pureza doutrinária, às escondidas, como criança que rouba doce da geladeira, encaminham consulentes, alvos de magia negra, aos terreiros, abafando esses casos dos estudos doutrinários, mesmo que ocorram diuturnamente em seus centros.
[4] A Missão do Espiritismo, já citada anteriormente.
PERGUNTA: - Essa ênfase na umbanda não contraria vosso compromisso de trazer os conhecimentos do Oriente para o Ocidente de forma palatável ao racionalismo ocidental, pouco afeito a símbolos e ao esoterismo?
RAMATÍS: - A umbanda é dinâmica e se adapta aos prosélitos em seus anseios espirituais, desapegada de dogmas intocáveis e engessamentos doutrinários. Como se encerra seu primeiro centenário, período cíclico de sua afirmação, para angariar o máximo de fiéis no menor tempo possível, suas lideranças terrenas não se preocuparam em buscar uma unidade doutrinária mínima. Ela vicejou num meio caracterizado pela variedade de ritos, cultos e símbolos que tendem à "umbandização", acrescidos do sincretismo, como "aval" para a inclusão urbana e social num habitat cultural predominantemente católico. Obviamente haverá continuação desse movimento de forma mais digna, ficando a doutrina de umbanda "depurada", sem traumas ou imposições das
lideranças, fato essencial para sua estabilidade; doravante, isso ensejará constante estudo, no sentido de conduzi-Ia, no plano físico, a um conquistado e merecido conceito de religião estruturada, a serviço da coletividade .encarnada e desencarnada da pátria verde e amarela...