Sabedoria Ramatis

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terça-feira, 12 de abril de 2016

“CÓDIGOS” DE UMBANDA



PERGUNTA: Percebemos uma proliferação de "códigos" de umbanda. Aos umbandistas, em sua maioria não muito afeitos ao estudo, esses "tratados" parecem definitivos, complicados e de difícil entendimento. Tanto isso é verdadeiro que proliferam os cursos pagos para acesso aos mistérios, muitos formando "magos". Isso é condizente com a mediunidade natural e inequívoca (Zélio de Moraes incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas aos 17 anos, sem nenhum curso), com a simplicidade e a essência da umbanda, ou seja, realizar a caridade?

RAMATÍS:  Desde os idos da saudosa Atlântida, o acesso aos mistérios sagrados foi de natureza seletiva. Impunha-se alta moralidade e índole psicológica afeita ao altruísmo aos iniciantes, no sentido de preservarem os conhecimentos ocultos da aplicação negativa no campo da magia.
Nos dias atuais, o conhecimento está plenamente democratizado, e cada um elege para si aquilo que o atrai em afinidade. No caso do canal mediúnico que irrompe de forma inequívoca e natural, em que uma entidade de alta estirpe moral se apropria da aparelhagem psíquica do médium, ditando orientações de alto valor doutrinário, inevitavelmente trata-se de espíritos que tiveram longa e árdua formação em várias encarnações. 
É preciso entender que um ritual nada mais é que um meio de organização terrena para disciplinar os atos invocatórios de acesso aos planos ocultos, ocorrendo as verdadeiras iniciações no templo interior de cada criatura. Portanto requer amor e ações práticas de auxílio ao próximo, sem interesses personalistas, desde épocas anteriores à atual encarnação. Ritual de iniciação aplicado se o iniciando não tem outorga e cobertura espiritual é como uma carta remetida para endereço inexistente: as energias invocadas e evocadas pela força mental do médium iniciador não encontrarão imantação no objeto da iniciação.  Ocorre nos dias atuais um atavismo em muitos religiosos de antanho que se encontram, dentro do movimento de umbanda, dispostos espiritualmente a criar castas e séqüitos, como se fossem proprietários da verdade definitiva, sem nenhum comprometimento com a preexistência espiritual dos rebanhos que pagam para ser iniciados coletivamente. É mais uma apoteose ritualística externa coletiva que se "acasala" no espúito acrisolado no escafandro grosseiro, ofuscado pelos rituais metódicos, do que interiorização do cidadão entre dimensões de vida diferentes. 
A luz e a simplicidade da espiritualidade, a qual abarca todas as religiões, pois em todas está, começam a despontar nas consciências muito antes da atual encarnação. Para entenderdes a profundidade dessa assertiva, será uma surpresa para vós dizer que, quanto mais simples e amoroso fordes, mais espiritualizado sereis, numa relação direta de proporcionalidade, seja qual for vossa religiosidade. Vosso intelecto é constritivo e vos separa da totalidade como espírito. Enquanto as consciências sacerdotais (e para ser sacerdote não é preciso ser médium) estiverem retidas nas discussões intelectuais que fortalecem a mente concreta, não conseguirão sentir as percepções elevadas das verdades cósmicas.

A essência umbandista dispensa o apelo de ser ela uma religião definitiva, cheia de dogmas e tratados estupendos, o que exigiria a capacidade de sintonia mental do iniciador com seu eu superior (atma-budhi-manas), sua fonte de sabedoria, intuição divina e iluminação interior. 
O contrário seria uma tendência de tornar complexo o que é simples, o que demonstraria um intelecto avantajado em conhecimento, mas de pouca sabedoria espiritual, fadado a se fixar em códigos definitivos, qual pássaro hipnotizado em explicar as penas das asas (cor, tessitura, quantidade, composição, freqüências, átomos, moléculas), considerando que voar é dispensável, sem graça, como se as asas fossem mero acessório, acompanhado de enorme manual explicativo sem nenhuma serventia prática, pois o ato de voar do espírito é intuitivo. 
Para compreenderdes melhor, imaginai um cientista descobrindo muitas verdades subjacentes relacionando o mundo físico aos orixás, o que o levará a enfatizar fatores como eletromagnetismo, ondas fatoriais e linhas de forças, criando complicados mapas carregados de simbolismo mágico, mas permanecendo numa esfera oca, sem a essência da simplicidade que cria a sabedoria quando associada ao conhecimento em auxílio ao próximo, permanecendo totalmente alheio às realidades espirituais mais profundas. Há uma desconexão espiritual que exclui, o que o impede de entrar nos reinos de inclusão dos verdadeiros orixás: praticar a caridade desinteressada, simplesmente utilizando o canal mediunidade, como aconteceu com o jovem médium que cedeu seu psiquismo ao espírito missionário que comunicou a umbanda.
DO LIVRO: “A MISSÃO DA UMBANDA” RAMATÍS/NORBERTO PEIXOTO – EDITORA DO CONHECIMENTO.



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