Sabedoria Ramatis

Sabedoria Ramatis

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

“NÃO SE PODE SERVIR A DEUS E A MAMON”




PERGUNTA: - Qual é o sentido e a ação da lei, em relação ao conceito evangélico de Jesus que assim enuncia: "Não se pode servir a Deus e a Mamon"?

RAMATÍS:  Apesar da existência de uma só Unidade Divina, ou seja, a Suprema Lei do Universo, que governa e disciplina os fenômenos da vida espiritual e física, o espírito do homem parte da dualidade, ou do contraste, para, então, se ajustar  conscientemente ao monismo de Deus. Ele desperta a sua consciência individual percorrendo a senda da evolução espiritual, baseado no conhecimento e domínio das formas, mas sempre balizado pelo dualismo das margens opostas. A sua noção de existir, como alguém destacado no seio da Divindade, firma-se, pouco a pouco, nas convenções de positivo e negativo, branco e preto, sadio e enfermo, masculino e feminino, direito e torto, acerto e erro, virtude e pecado. É a chamada lei dos contrários, tão aceita pelos hermetistas. 
Conforme já explicamos alhures, embora Jesus tenha firmado os seus ensinamentos evangélicos nos acontecimentos e nas configurações físicas da vivência humana, em suas parábolas oculta-se a síntese das leis eternas que disciplinam criativamente o Cosmo. Assim, no enunciado evangélico de que "Não se pode servir a Deus e a Mamon", Jesus expressa, intencionalmente, nesse contraste, as leis que regem ambos os mundos espiritual e material.  
O reino de Deus, configurando que a verdadeira vida do espírito imortal é uma resultante do mundo material e se rege por outras leis infinitas e imutáveis; apesar do dualismo, pela unidade.  
O homem consegue a libertação vivendo na matéria, conforme as leis espirituais expressas por Jesus em sua romagem terrena. É matriz original, que plasma o cenário de formas do mundo de Mamon, como um invólucro exterior, mas provisório e conhecido como Universo físico, o qual se constitui por galáxias, constelações, astros, planetas, satélites e asteróides. É o palco educativo, para os espíritos virgens, simples e ignorantes modelarem e organizarem a sua consciência individual, até possuírem a noção de existir no seio de Deus.

PERGUNTA:  Mas esse ensinamento evangélico de que "Não se pode servir a Deus e a Mamon", não implica uma rasa separação de dois mundos conflitantes e opostos, onde apenas se valoriza o reino do espírito, mas se condena o desprezível mundo da matéria?
RAMATÍS:  Já vos dissemos que Deus é único e o Universo monista. Assim, jamais pode haver conflitos na concepção de dois mundos, os quais permanecem constituindo o mesmo Cosmo. Trata-se apenas de um propósito educativo e conciliador, concebido pelos próprios líderes espiritualistas, a fim de se distinguir as diferentes operações legislativas que atuam em pólos opostos, mas visando sempre o melhor conhecimento da Unidade Divina. Não há separação absoluta entre o "reino de Deus" e o "mundo de Mamon", mas apenas se distinguem dois modos de vivência aparentemente opostos, entre si, e que, no entanto, não modificam a Unidade Fundamental da Vida Cósmica. Trata-se mais de um ponto de apoio mental humano, cujo contraste permite ao espírito limitado do homem efetuar pesquisas, análises e conclusões, que lhe são favoráveis para o mais rápido modelamento da própria consciência individual. 
O espírito trabalha, objetivamente, no mundo de Mamon, numa pesquisa e observação centrípeta, a fim de ao mesmo tempo, organizar e aperfeiçoar a forma; mas, por intuição, ele sente cada vez mais e melhor a natureza centrífuga e real de Deus.  
O instinto animal, que opera através das leis fisiológicas, mas é excessivamente cego, modela o organismo carnal para o espírito poder atuar no mundo de Mamon, exercendo a sua ação de modo particular e condicionado. Em consequência, na sua focalização humana no cenário do mundo físico, o espírito precisa lutar, veemente e sacrificialmente, para poder impor os seus princípios espirituais superiores sobre as tendências animais instintivas inferiores. É como o cavalo selvagem bravio, que tem de ser domado para, então, ser utilizado na tração útil de carros ou como montaria. 
Sob a força do instinto animal de conservação do indivíduo, o espírito arrecada e acumula bens e valores, aliciados incessantemente no mundo exterior, a fim de ativar e compor o núcleo de sua consciência pessoal, que é preenchida pelas experiências e conclusões no educativo intercâmbio "psicofísico". Apercebendo-se das leis e dos motivos que regem o equilíbrio das vidas planetárias, pode concluir sobre a Inteligência Suprema, que é na realidade o agente causal e disciplinador dos fenômenos e acontecimentos exteriores. O homem sente intimamente a presença de Deus, como a fonte sublime e infinitamente sábia que criou, cria e governa o Universo. Sob o domínio das leis rudes e draconianas do mundo de Mamon, que o acicatam sem descanso para compor e plasmar a sua consciência individual, é incessantemente sensibilizado por esse intercâmbio psíquico. Então, se apercebe, pouco a pouco, da presença divina oculta, mas diretiva para o próprio aperfeiçoamento, que lhe atua na intimidade humana elaborando a metamorfose angélica. Sem dúvida, enquanto o espírito serve no mundo educativo e transitório de Mamon, ele ainda não pode distinguir lucidamente quanto à realidade do "reino de Deus", o qual é a vida autêntica na Espiritualidade. Não há razão de separação entre os dois mundos espiritual e material; pois o homem é tão-somente um espírito materializado na face física da Terra, orbe que também não passa de um "quantum" de energia universal ali compactada. O espírito encarnado ausculta, mas não se apercebe de sua realidade divina, porque ainda não desenvolveu os sentidos espirituais adequados para desfrutar desse evento superior.
DO LIVRO: “O EVANGELHO À LUZ DO COSMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...