Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 3 de junho de 2015

O receituário mediúnico dos "pretos-velhos", índios e caboclos – II




PERGUNTA:  Não seria mais conveniente que todos os médicos desencarnados também só receitassem ervas e remédios caseiros, evitando a medicação alopática que pode ser perigosa, quando receitada por médiuns muito anímicos?



RAMATÍS:  Em primeiro lugar, esclarecemos que os espíritos desencarnados só receitam de acordo com o seu próprio conhecimento adquirido na Terra; e, além disso, a preferência, a simpatia ou a tolerância dos enfermos variam quanto aos diversos tipos de drogas e medicamentos. Alguns são alérgicos a certos remédios, mas outros já os assimilam satisfatoriamente. Há doentes que se recuperam apenas pelo uso da homeopatia e são inócuos à medicina alopática, às infusões de ervas tóxicas ou à química farmacêutica. Há criaturas que se restauram facilmente pela terapêutica violenta das injeções, em perfeita afinidade com a sua constituição psicofísica mais densa. Finalmente, ainda existem pessoas de natureza magnética muito receptiva ou sensível, que logram a saúde pela terapia das "simpatias", dos benzimentos e exorcismos.

Em consequência, os espíritos de médicos desencarnados procuram receitar aos enfermos a medicação mais adequada ao seu tipo orgânico ou psíquico, atendendo mais ao doente do que propriamente à doença. Deste modo, o remédio miraculoso indicado pelo "preto-velho" a determinada criatura pode ser inútil e mesmo nocivo a outro tipo de indivíduo condicionado somente à homeopatia. Esse é o motivo por que ainda existe no vosso mundo um arsenal tão heterogêneo e variado de medicamentos e os diversos tipos de dietas e sistemas de tratamento, a fim de se atender aos tipos humanos conforme os seus complexos biológicos e não de acordo com suas doenças.



PERGUNTA:  Que dizeis do sucesso do receituário de "pretos-velhos", silvícolas e caboclos nos terreiros de Umbanda, enquanto já não lhes sucede o mesmo êxito nas suas prescrições junto à mesa espírita kardecista?



RAMATÍS:  Os "pretos-velhos", os caboclos e os índios logram melhor êxito nos trabalhos de Umbanda, porque ali encontram o clima psíquico mais simpático e dinâmico à sua índole e aos costumes primitivos que lhes foram familiares na Terra. Nesse ambiente pitoresco, eles reavivam suas reminiscências terrenas, evocam suas experiências de curandeiros, quando, ainda encarnados, manuseavam a medicina ervanária ou o processo da magia de campo e de mato.

Não vos deve surpreender o melhor resultado terapêutico que eles obtêm no ambiente de Umbanda, pois as ervas, as infusões caseiras, a homeopatia, os exorcismos, os benzimentos e as "simpatias" sempre foram os recursos de que se utilizaram na Terra para atender aos enfermos de corpo e de alma. Eles sentem-se mais à vontade no clima catalítico que os ajuda a dinamizar suas forças psíquicas pelas sugestões regionais eletivas, pelos cânticos ou "pontos", objetos, patuás e rituais, que lhes contemporizam o próprio saudosismo do orbe terráqueo.
Ali associam os motivos e as condições já vividas na matéria e misturam-se entre os "filhos do terreiro", livres de quaisquer complexos ou constrangimentos, enquanto manifestam o seu temperamento no próprio linguajar de sua pátria terrena. Junto à mesa espírita kardecista, os guias receitam quase somente pelo contacto perispiritual, enquanto os médiuns escrevem apressadamente pela via intuitiva; no sistema de Umbanda, os "pais de terreiro" atuam pelos plexos e gânglios nervosos dos seus "cavalos", conversando, indagando, e até modificando a receita indicada anteriormente. Movimentam-se pelo terreiro, luz acesa e sem concentração, em que ajustam os médiuns à sua própria configuração perispiritual, os "pretos-velhos", os silvícolas e os caboclos "batem-papo" com os "filhos de Umbanda", ouvindo-lhes as queixas, estudando-lhes os problemas, enquanto recomendam a medicação e a dieta mais adequadas a cada caso.
Embora louvemos a resolução sadia de Allan Kardec em escoimar o Espiritismo das práticas supersticiosas e dos ritualismos inúteis e dispensáveis, o bom espírita deve respeitar o ensejo mediúnico dos terreiros de Umbanda, em cujo ambiente fraterno os espíritos ainda afeitos às formas do mundo terreno, também encontram o ambiente espiritual eletivo para exercerem o Bem sob a Inspiração do Cristo!


Do livro: Mediunidade de Cura – Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento.

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