Sabedoria Ramatis

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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Os boiadeiros, baianos e marinheiros, são espíritos da umbanda???





PERGUNTA: - E quanto às personagens que se apresentam em alguns terreiros, um tanto folclóricas, carismáticas, até rudes e violentas, mais parecendo do mal, emotivamente incentivadas pelo imaginário popular, os boiadeiros, baianos e marinheiros, trata-se de espíritos da umbanda?



RAMATÍS:  Há um aforismo popular, uma generalização positiva, muito repassado pelos pretos velhos que diz: "Todos os filhos são gente do Cristo, mesmo sem o saberem".
Não deveis confiar em conceituações negativas, como se todos os espíritos que se apresentam nessas antigas personalidades fossem ovelhas perdidas do rebanho do Bom Pastor. Jesus, o Senhor da luz crística, deixou o paraíso para habitar as trevas eivadas de pecadores. O amado Mestre ensinava usando parábolas simples, permitindo que todos se aproximassem d'Ele em suas preleções. É evidente que todos vós, em determinado momento da vida pregressa de vossos espíritos, já fostes entidades "malfeitoras". Manifestados na Terra sob as formas mais simples, como a de um cavaleiro boiadeiro, estivador baiano ou intrépido viajante dos mares, existem anjos latentes que ainda não germinaram.
Em vez de classificarem esses espíritos, que estão desabrochando o Cristo interno, de meros malfeitores, como se a luz em sua refulgência fosse cegá-los, as entidades estruturais da umbanda fraternalmente aceitam e monitoram suas participações, como auxiliares nos terreiros que têm essa afinidade, em prol da caridade desinteressada, pelo natural efeito cármico de vidas passadas que os enreda numa exigência evolutiva recíproca, num agrupamento de médiuns e consulentes.
Em vez de impor virtudes, excluindo os que ainda não as possuem, deveis modificar o próximo pelos atos fraternos, acolhedores, imprimindo confiança e amizade. Lembrai-vos da renúncia e abnegação dos espíritos luminares que impõem sobre si pesado rebaixamento vibratório para assistir aos retidos no ciclo carnal, plasmando corpos de ilusão nas formas astrais de caboclos, pretos velhos e crianças, seguindo o exemplo do Divino Mestre que encarnou entre vós em missão sacrificial.
Os guias da umbanda acolhem amorosamente todos os encarnados e desencarnados que adentram os terreiros, difundindo a Divina Luz nas frontes aflitas, mesmo na escuridão, oferecendo oportunidade de retificação espiritual aos que a aceitam em seus fundamentos doutrinários.


PERGUNTA: - Existem alguns guias, mentores espirituais, que acham absurdas essas infiltrações de espíritos sem luz misturando-se às falanges de umbanda, afora a possibilidade de fascinarem os médiuns. Isso existe?



RAMATÍS:  Há de se distinguir a forma da essência, além das peculiaridades das agremiações mediúnicas terrenas para as quais essas orientações são válidas. Sem dúvida, existem terreiros que não se relacionam com a umbanda, mesmo que, embora deturpado, esteja grafado em sua fachada o nome "umbanda". São agremiações amparadas pelo mediunismo que exaltam a estética apoteótica dos ritos exteriores: entidades "incorporadas" com paramentos coloridos e longos penachos, vestidos de "orixás", como se fossem entrar na avenida carnavalesca, tudo com muita dança, fumo, bebidas, atabaques ensurdecedores para impressionar a assistência hipnotizada pela "força" (axé), materializada nos transes vistosos e no cerimonial barulhento. Ao fundo, longe dos olhos profanos, o "sagrado" é invocado com o corte ritualístico, em triste matança sanguinária dos irmãos menores do orbe: cabritos, bodes e galináceos. Ao término dos cultos festivos, a parte menor da comida de cada "santo" serve para "fortalecer" os médiuns: vísceras finamente temperadas são saboreadas com bebidas alcoólicas para "reforçar" a sintonia com os aparelhos; o quinhão maior é despachado na madrugada nos cruzamentos urbanos e nas portas de cemitérios, o que dá muito trabalho para os guardiões espirituais de vossas moradas sepulcrais, uma vez que enxameiam dementados do além-túmulo diante das entregas cadavéricas ainda recheadas de fluido vital.
Por outro lado, observai em vossa vida cotidiana: médicos incentivadores do aborto diante de jovens moçoilas desavisadas; contadores sonegadores de impostos; engenheiros corruptos que aceitam propinas de empreiteiros; advogados enganadores que se apossam dos proventos das sentenças dos clientes desatentos. Esses desvios comportamentais dos cidadãos não devem, no entanto, deixar-vos em estado de ânimo afeito às "adjetivações" generalistas excludentes, como se todos os profissionais médicos, contadores, engenheiros e advogados fossem assim, todos iguais.
Da mesma forma, não transfirais para o "lado de cá" vossas disposições parciais, como o fazeis ao imputardes defeitos à totalidade de certas formas espirituais, que são aceitas em alguns centros de umbanda como dedicados auxiliares: "os povos nômades são de venalidade ignóbil, os baianos safados, os boiadeiros bêbados e os marinheiros mulherengos". Sabeis que, na abundância de terreiros e na miscelânea de práticas mágicas populares que se associam com o mediunismo, também existem espíritos de "caboclos" que recomendam despachos sanguinolentos, e entidades que se apresentam como "pretos velhos" que amarram namorados e separam casais e que nada têm a ver com a essência da umbanda. No entanto, também usam as formas estruturais dos guias que regem a Divina Luz do Espaço para a Terra.
Para clarear-vos um pouco mais as idéias, importa comentar que a fascinação mediúnica não se relaciona diretamente com as formas de apresentação dos espíritos nem com a densidade vibratória dos irmãos do além-túmulo, e sim com a falta de moral evangélica. Os médiuns devem vigiar as interpretações estandardizadas que interferem nas comunicações com o outro lado: o hipopótamo que sacode o pescoço e se banha na lama não é mais impuro em suas entranhas do que o tigre que lambe os pêlos na planície. O homem pérfido fala com erudição, traja-se com refinados tecidos, banha-se em espumas odorantes e enfeita-se com ourivesarias cravadas de diamantes, sem conseguir a pureza d' alma do rústico lavrador analfabeto de mãos calejadas que nas horas vagas é dedicado benzedor na comunidade desprovida de assistência.
Mais uma vez repetimos: não transfirais vossos atavismos milenares ao julgar as aparências transitórias dos espíritos do outro lado. Porventura, quando estais mediunizado, "incorporado" com os caboclos e pretos velhos em dia de passes e consultas no terreiro da verdadeira umbanda, recusais-vos a acolher os malfeitores, os assaltantes, as prostitutas, os alcoolistas, os viciados em drogas e outros desavisados trôpegos e perturbados, que, sedentos, achegam-se das ruas procurando auxílio espiritual? Nunca é demais lembrar-nos de Jesus, que saiu dos templos assépticos para socorrer os impedidos de entrar: as prostitutas apedrejadas, os leprosos fétidos, os marginais e incultos, conhecendo-lhes em cada alma a chama acesa do Cristo interno que jaz nas profundezas de cada criatura.


Ramatís – “A Missão Da Umbanda”

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