PERGUNTA: Hitler não merecia, porventura, que o número 666 se ajustasse ao
seu nome como um identificador de suas qualidades despóticas?
RAMATÍS: Hitler foi uma cópia moderna de outros
líderes guerreiros do vosso mundo, como sejam Aníbal, Átila, Alexandre, César,
Tito, Saladino, Gengis Khan, Napoleâo, o Kaiser e muitos outros que foram mais
ou menos inescrupulosos. Esses homens são produtos do clima psicológico do
vosso mundo, que é alimentado pela própria humanidade a se digladiar pelo
interesse nos proventos decorrentes dos conflitos humanos. Se os demais homens
houvessem revelado, também, propensão para o crime, o desregramento e o ódio
racial, Hitler não passaria de um infrator comum das leis, punível pelo próprio
Código Penal do seu país.
A sua ambição, vaidade, cobiça e ódio racial
contagiaram gradativamente o seu povo, tomado assim de entusiasmo com as novas
perspectivas de glória e de lucros inesperados. As nações adversas ao regime
nazista, embora constrangidas pelo incómodo da guerra, eram agrupamentos de
outros homens também movidos por vários interesses racistas ou particulares e
que, então, procuraram tirar o melhor partido do conflito. Desde o mais humilde
soldado até o comando superior, nasceu o júbilo pela esperança de uma promoção
de posto; desde o negociante mais modesto até o açambarcador de géneros
alimentícios, todos tinham os olhos fixos no provável lucro fácil, que poderia
advir da situação anormal! Em cada cérebro humano vibrou uma esperança de
vantagem; cada homem, em lugar de se mover para o equilíbrio e facilitar as
coisas para o bem comum, alimentou imediatamente a idéia de acelerar a guerra;
o comerciante escondeu a mercadoria ou elevou o seu preço; o jornalista atiçou
a ira mental e excitou o ódio entre os racistas de todos os povos; os
religiosos de "cá" e de "lá" realizaram reuniões de
súplicas ao "seu" Deus, para que seus irmãos de outros países fossem
derrotados, por serem seus inimigos! Nos próprios países pacíficos ou
distanciados do conflito armado, os descendentes ou parentes dos povos em luta sofrem
a desforra dos desonestos, dos prejudicados, dos ambiciosos ou dos enciumados
com o "estrangeiro" que progride na pátria alheia; então, depredam seus
estabelecimentos, suas casas, roubam-lhes os haveres, insultam, agridem e os humilham
em público, sob o disfarce de sadio patriotismo! Na realidade, os líderes guerreiros
apenas abrem as comportas das paixões represadas pela humanidade, que está
sempre sedenta de violência e de iniquidade. A presença de Atila ou de Hitler,
no vosso mundo, é apenas um produto exigido pelo atual conteúdo humano em
efervescência; comprova-se essa realidade pela facilidade com que eles sempre encontram
clima eletivo para dar visão às suas idiossincrasias doentias. Enquanto isso
sucede, Jesus fica esquecido, e seria passível mesmo de nova crucificação, em estilo
moderno, se, aqui estando, tentasse condenar os desatinos dos moradores do vosso
orbe!
Por isso, tanto são responsáveis perante o Pai aqueles que
desencadeiam as guerras, como todos os que contribuem mental e moralmente para
o clima do conflito, mesmo que estejam afastados dos campos de batalha pela
massa de água do oceano ou tentem manter-se sob a máscara da Paz. Quantos
subalternos ou mesmo simples admiradores de líderes belicosos surpreendem-se
dolorosamente, ao desencarnar, verificando que as suas culpas ainda são maiores
que as dos seus ídolos, por se haverem excedido na prática de iniqüidades,
aproveitando-se da responsabilidade dos seus comandantes ou do nome de suas
doutrinas extremistas!
Hitler não pode ser a tradução do símbolo da Besta ou do
Anticristo, porque ele apenas representou o combustível para uma fogueira, de
cuja construção todos participaram de um modo particular, trazendo sua contribuição
daninha ao espírito de Paz tão desejado. Os homens do vosso mundo, além de não
viverem em paz consigo mesmos, ainda dão alento a pensamentos belicosos em
todas as esferas da atividade humana. Por isso, um líder guerreiro, ao fazer
eclodir uma guerra, nada mais faz do que dar liberdade a uma paixão silenciosa
e tenaz, na alma de toda a humanidade. Só quando entre vós imperar realmente o
Evangelho do Cristo, é que os atilas, os hitlers ou os césares serão aí considerados
como surtos perigosos de "patologia belicosa", que requerem imediata
internação em sanatórios, em lugar de representarem símbolos libertadores ou
grandes cerebrações guerreiras!
Do livro:
“Mensagens do Astral” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento
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