Sabedoria Ramatis

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domingo, 3 de junho de 2012

Despachos e "iniciações" com sacrifícios nos ritos e cultos sincréticos distorcidos – X











PERGUNTA: A nosso ver, a assimilação equivocada do verdadeiro exu da umbanda com o inexistente demônio popularizado pelos crentes católicos e evangélicos contribui para a acirrada perseguição religiosa das igrejas neopentecostais, que genericamente atacam toda a comunidade umbandista. Em vossa opinião, isso não é contraditório e injusto?


RAMATÍS: - Na verdade, as leis cósmicas que regem a harmonia universal desconhecem a contradição e a injustiça. Assim como os sacerdotes negros que vieram como escravos tinham sido em eras remotas, ferrenhos conquistadores, ditadores, generais e soldados de impérios dominadores do pretérito, perseguidores das religiões nos territórios conquistados, a reencarnação coloca ex-inquisidores opulentos como ovelhas tosquiadas de suas parcas moedas diante de pastores e bispos, em nome do dízimo que garante o salvo-conduto para as regiões
paradisíacas.
Os mesmos que atacam os umbandistas e têm como meta aumentar o rebanho do bom pastor, fechando o maior número possível de terreiros na vizinhança, são liderados por organizações sedentas de dominação coletiva, de grande poder mental angariando abertamente novos cofres vivos pela hipnose amparada pelo verbo fácil, acumulando riquezas para a abertura de novas igrejas "em territórios a ser conquistados, com outros terreiros que devem ser fechados.
A umbanda não distingue o bem e o mal aos moldes judaico-cristãos ocidentais. Preconiza, fundamentada nos valores crísticos universais a possibilidade de felicidade, numa teologia que libera os adeptos da compunção lacrimosa de sofrer nas entranhas da carne os pecados praticados, desoprimindo da autoflagelação psíquica. Isso acabou criando uma armadilha ante as populações crentes, evangélicas, católicas e neopentecostais: os espíritos de pretos velhos, caboclos e crianças, bons e virtuosos teceram a representação do bem, equiparados aos mentores kardecistas e aos santos canonizados.
A aplicação da justiça cósmica é entendida precariamente pela maioria que, inadvertidamente a interpreta como sendo o mal, o sofrimento. Agrava-se essa dissonância com a prática desmesurada de cobrança de trabalhos mágicos, amarrações e despachos pelos motivos mais rasteiros mundanos em que vários terreiros de práticas mágicas populares distorcidas, competem na busca dos fiéis cada vez mais escassos na tentativa de sobrevivência do "pai ou mãe-de-santo" e, para a manutenção das despesas. Nessa competição para mostrar quem tem o axé (força) mais eficaz, faz-se qualquer trabalho, atendem-se todos os pedidos pagos de aborto a desencarne encomendado com despacho sanguinolento em porta de cemitério, encaminhados para os cultos de "exus" e "pomba-giras", identificados erroneamente como espíritos diabólicos da "umbanda". Isso se agravou com o tempo, já que muitos sacerdotes das religiões afro-brasileiras se "umbandizaram", estruturando um tipo misto de religião.
Estando a mesa posta e o prato servido, apresenta-se o comensal esfomeado um novo pentecostalismo que "materializa" o diabo, personificado nos terreiros adversários ali na esquina a poucos passos. O demônio visível, palpável e identificado deve ser humilhado, perseguido, torturado e vencido. Logo se demonstram nos transes rituais no interior das igrejas, nas sessões de descarrego, os médiuns desertores da "umbanda", submetidos sem complacência aos exorcismos com a finalidade de enxotar os "acompanhantes" demoníacos em nome do "Espírito Santo".
Igualam-se pelas leis cósmicas pastores ludibriadores da fé e pais-de-santos venais; atrito necessário que desperta as lideranças da umbanda da letargia e acomodação, invocando os prosélitos ao estudo e a entender o que é a verdadeira umbanda.
A Divina Luz da umbanda é igual Àquele que tudo vê acima dos jardins dos orixás. Ela rege o instinto de sobrevivência de seus filhos, como se fossem pássaros em vôos sazonais. Os que não conseguem chegar ao destino migratório pela desnutrição que os imobiliza são assentados por misericórdia, em galhos de árvores encontradas no caminho.
O povo de Aruanda, majoritário, segue firme rumo ao horizonte solar, luminoso que o fortalecerá cada vez mais.
Indubitavelmente os umbandistas caminham mais unidos e preocupados com a preparação dos fiéis após o início dos ataques evangélicos das igrejas neopentecostais, que ao apontarem as feridas e os desmandos das práticas mágicas populares, contribuem decisivamente para o fortalecimento da umbanda diante da constatação de que cada vez mais é necessário esclarecer o que não é prática umbandista.



Observações do médium:

Após o término da obra Vozes de Aruanda, reservei um pequeno período para descansar a mente. Passei alguns meses sem escrever só mantendo as tarefas mediúnicas habituais. Toda vez que pensava em voltar a psicografar acabava por me envolver em outras atividades. Assim que comecei a psicografar este livro – “A Missão da Umbanda”, sem explicação racional senti um medo que me apertava o peito e, ao mesmo tempo um ódio dos amigos exus. Certa noite meditei fervorosamente,após adequado relaxamento, concentrando-me sobre o que estava acontecendo e pedi auxílio aos protetores espirituais para que as respostas viessem a mim durante o sono físico, no desdobramento natural do corpo astral. Ao dormir, vislumbrei-me num quadro clarividente dentro de um belíssimo templo de uma igreja evangélica muito conhecida. Entre pregações e recolhimentos dos dízimos com promessas salvacionistas, os pastores me tratavam educadamente e com toda a atenção. Em determinado momento, chegou a minha vez de falar. Lembraram-me de que deveria fazer como das vezes anteriores não mencionar a filosofia orientalista, nada de reencarnação, livre-arbítrio e merecimento. Devia realçar os evangelistas conforme estava na Bíblia. Eu respondia que respeitava todas as doutrinas, que não teria problema, adaptaria os conhecimentos de acordo com as consciências que ali estavam. Era como se eu fosse uma marionete sem vontade própria. Acabei compreendendo a enorme força mental que mantinha aquele templo muito vistoso em sua parte astral e terrena, provavelmente localizado na cidade de São Paulo pelo característico sotaque dos obreiros e demais convertidos presentes. Logo após, alguns pastores me conduziram a um amplo salão em cujo centro em alta e fina cadeira, usando acabado terno, educadíssimo e incomparável comunicador me aguardava. Frente a frente eu e o bispo maior da igreja iniciamos uma conversação. Ele me perguntava sobre como estava me sentindo em meu estágio no templo. Eu lhe dizia que não voltaria mais, que havia entendido o que estava acontecendo e que meu lugar era outro. Com fala mansa, metálica, dominadora, ele então me disse que a minha insistência em escrever sobre a umbanda atrapalharia os planos de expansão da igreja Inconcebíveis para eles, os esclarecimentos sobre os exus e a caridade desinteressada que estaríamos enfocando, uma vez que seus opostos eram os "cavalos de batalha" deles, nas sessões de descarrego e libertação.
Eu argumentava que a base de divulgação doutrinária por que eles estavam se conduzindo era inverídica e que à população inculta das verdades espirituais se impressionava facilmente pelas histórias diabólicas de encostos, o que a levava a catarses coletivas, anímicas, verificadas nas sessões denotando a exploração fenomênica dos distúrbios psíquicos dos que iam em busca de auxílio. Mesmo que isso causasse alívio momentâneo era dispensável aos olhos do Incriado, pois eles, seus propaladores tinham discernimento desse estado de coisas, o que implicava sérios compromissos com as leis divinas.
O bispo não aceitava minha opção espiritualista, mostrando-me o bem-estar causado em seus crentes e afirmava que isso era o que valia. Eu dizia que não estava ali para fazer julgamentos. Invoquei as leis cósmicas e os ditames superiores de equilíbrio que regem as religiões existentes na Terra em conformidade com as consciências que as procuram, o que deveria levá-las ao respeito mútuo e não a ataques raivosos umas contra as outras em especial a deles desmerecendo a umbanda. Afirmei que não abriria mão de meu compromisso com os amigos espirituais em favor da verdade umbandista. Lamentei que isso pudesse lhes atrapalhar argumentando que não era uma intenção pessoal. Decidido pedi para voltar ao corpo físico e não ser mais procurado por eles, já que não tínhamos mais nada a conversar.
Ao retomar para casa, me vi numa estrada seguindo um ponto de luz ao horizonte, tendo à minha esquerda uma gigantesca e assustadora cobra (semelhante à do filme Anaconda) que me seguia irada e entrava e saía da terra rastejando velozmente. Ao acordar, entendi que a enorme forma-pensamento do ofídio assustador era a dominação mental coletiva dessa igreja-organização do Umbral, um painel pictórico, simbólico, plasmado no Astral que os amigos espirituais me permitiram ver para que eu despertasse do medo que paralisa muitos irmãos na seara do espiritualismo quando a verdade emanada da Justiça Cósmica, de que podem ser porta-vozes pela mediunidade, contraria interesses de dominação mental, ganhos e promoções personalistas enraizados em quase todas as religiões e doutrinas terrenas.




 (Origem: “A Missão Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)

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