Embora considerando-se
que foi a própria tradição espiritual e não a história profana que fez a obra
de Jesus chegar até nossos dias, gostaríamos de saber como isso foi possível,
apesar de tantos sofismas, interpolações e fantasias com que os homens
obstruíram os seus ensinamentos.
RAMATÍS: Realmente o sacerdócio organizado tem feito do Homem Luz um
personagem irreal, cuja figura vem sendo continuamente retocada em cada concilio
sacerdotal, misturando-lhe a realidade com a fantasia e a lógica com a
aberração. Mas aproxima-se, entretanto, o momento de reajuste há tempo
desejado; e em breve tereis conhecimento da força original da obra de Jesus,
que, embora fosse um anjo descido do Alto, viveu sua existência coerente com a
lei do vosso mundo.
O Jesus que ainda é devocionado pelas religiões terrenas não é o
mesmo Jesus que respirou o oxigênio da Terra; é uma fantasia impossível de ser conceituada
entre suas próprias contradições. Mesmo o protestantismo, que pretendeu fazer
reviver a simplicidade do Mestre, dando-lhe a condição lógica de vivente
humano, também se atemorizou diante do medo do sacrilégio e preferiu deixá-lo
envolto no véu da fantasia milagreira! A reforma louvável de Lutero, rebelando-se contra os diversos dogmas seculares e o fausto
sacerdotal, que ironizavam a pobreza do Mestre Nazareno, elegeu infelizmente a
Bíblia como um outro senhor absoluto, incondicional, que se transformou em
autoridade implacável para se dirimirem quaisquer dúvidas e se alimentarem
inovações. O pensamento dinâmico e evolutivo dos protestantes estagnou, então,
voltando apressado, através da Bíblia, para outros dogmas infantis. A Bíblia embora
a reconheçamos como livro contendo revelações úteis não pôde substituir a
liberdade de pensar.
Ela apenas auxilia o modo de raciocinar sobre a Verdade Divina. Apenas
uma autoridade envelhecida no tempo foi substituída por outra diferente, mas de
modo algum solucionou-se o problema de desvestir Jesus do aparato pagão e de
sua aura de mago de feira!
No entanto, os sofismas, os truncamentos, as interpolações e o
desnaturamento de certas passagens do Mestre Jesus não conseguiram
obscurecer-lhe o trajeto da Palestina até nossos dias, porque além de estar
impregnado do seu sangue vertido no sacrifício da cruz, traz a chancela
inconfundível de sua alta individualidade espiritual e do seu infinito Amor por
toda a humanidade!
(Do Livro: “O Sublime
Peregrino” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento)
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