Sabedoria Ramatis

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terça-feira, 5 de junho de 2012

AS PREGAÇÕES E AS PARÁBOLAS DE JESUS - ll








PERGUNTA: Certa vez dissestes que estando encarnado no tempo de Jesus, tivestes ensejo de conhecê-lo pessoalmente, quando visitastes a Hebréia. Poderíeis dizer-nos algo dessa vossa experiência junto ao Mestre?



RAMATÍS: — Embora a nossa afirmação não vos sirva de prova irrefutável, mas apenas um enunciado de confiança, nós gozamos a felicidade de um encontro pessoal com Jesus, na Palestina, quando nos filiávamos a certa escola filosófica de Alexandria Assim pudemos conhecer algo dos ensinamentos da "Boa Nova" e do "Reino do Céu" que Ele pregava entre os judeus e pagãos. Quando o encontramos, ele usava uma túnica de esmerada brancura e um manto azul celeste, cabelos soltos nos ombros; e calçava umas sandálias de cordões amarrados nos tornozelos. Vimo-lo subir a encosta do morro, seguido pelos seus diletos discípulos e caminhando com infinito cuidado, a fim de não pisar sobre as pétalas aveludadas das anêmonas dos prados, que floresciam prodigamente, atapetando o solo com suas flores brancas, lilases e tarjadas de um roxo brilhante. Sob um bosque de ciprestes havia uma pedra avantajada e cômoda, emergindo entre os tufos de capim verde e florinhas silvestres, que estremeciam sob o afago da brisa suave. Voltando-se para & multidão que se formava a seus pés, encosta abaixo, Jesus primeiramente espraiou o seu olhar sereno sobre a paisagem. Sua alma parecia deleitar-se com os vinhedos, os ciprestes, os limoeiros, as oliveiras e a brancura dos campos de trigo agitando a sua cabeleira de espigas sobre o verde repousante do vale do Jordão. Tudo estava engalanado na força da estação primaveril; o campo cobria-se de flores e até dos troncos apodrecidos surgiam florinhas encarnadas, roxas, azulíneas e amarelas. A paisagem era empolgante de beleza, de cores e de luzes, pois seria difícil encontrar cenário tão fascinante quanto o da Galiléia na sua explosão de flores e perfumes inebriantes no ambiente campestre!
Acomodando-se sobre a rocha atapetada de musgos, Jesus espraiou o seu olhar sereno sobre a multidão, que ardia de ansiedade por ouvi-lo, enquanto João lhe estendia o "xale de rezar", peça tradicional entre os galileus, com o qual ele cobriu sua cabeça. Em seguida abençoou aquela gente silenciosa e começou a falar pausadamente, porém, dando relevo às frases e imagens que definiam suas idéias, enquanto os seus ouvintes estavam contagiados por sublime emoção. Era imenso o poder verbal de Jesus, pois impressionava profundamente as criaturas que lhe bebiam as palavras como um néctar dos deuses! Sua voz era pausada, repleta de doçura e de uma sonoridade musical cristalina, jamais ouvida por nós; as palavras vibravam no ar como lantejoulas vivas espargindo sons maviosos e tecendo um manto de harmonia a envolver sob o céu dadivoso a turba hipnotizada pelo verbo salvador. Espírito equilibrado e de visão exata, suas palavras ajustavam-se hermeticamente ao pensamento enunciado e conseguiam despertar emoções cujo eco ficava vibrando para sempre na alma dos seus ouvintes.
As mãos do meigo Rabi eram de molde irrepreensível; em suas pregações e gestos, elas pareciam mansas pombas configurando lhe no espaço os contornos do pensamento, e avivando as suas palavras amorosas. Naquele dia em que buscáramos conhecê-lo, o Mestre explicava a parábola do "Semeador" (3) pois ele costumava pregar o ensinamento de conformidade com o ambiente e as circunstâncias que .o tornassem mais vivo e entendível (4). Escolhia cada parábola de acordo com o tipo de auditório, pois a sua elevada intenção era oferecer a solução para os problemas de ordem moral e social daqueles que o ouviam!

(3) Mateus, XII. vs. 1 e 23; Marcos, VI, vs. 1 e 20; Lucas, VIII, vs. 4 e 15.

(4) Nota de Ramatís: Quando Jesus falava aos campônios expunha a parábola do semeador, do grão de mostarda, do joio e do trigo; aos pescadores referia-se à parábola dos peixes; num banquete ou festividade, falava dos talentos, do tesouro enterrado; entre negociantes e especuladores, da pérola de grande valor, o credor incompassivo, os dois devedores; entre magnatas, servia-se das parábolas do rico insensato, o rico e Lázaro; entre os assalariados explicava-lhes a parábola dos servos inúteis, dos trabalhadores da vinha e do mordomo infiel; entre homens de lei mencionava o juiz Iníquo e entre os religiosos a história do publicano e o fariseu.


Rodeado pelos campos floridos, cujo ar doce e perfumado traía o odor dos figos, das uvas, dos limões e dos pêssegos maduros, trazido nas asas do vento brando e fresco, Jesus comovia até às lágrimas, ao explicar que o semeador lançou suas sementes no solo duro, na rocha, na terra espinhenta; porém, finalmente, obteve êxito no bom terreno! O lugar escolhido para essa predica era de magnífica inspiração, pois além da florescência dos narcisos do campo, do fogaréu de papoulas vermelhas e das anêmonas safirinas, lilases e ametistas, que coloriam toda a planície de Genesaré, sem deixar um só desvão do solo descoberto, o quadro formoso completava-se pelo dorso esmeraldino levemente empado do mar da Galiléia, a despedir faíscas à luz do sol, que formava dourada cortina translúcida à altura da crista nevada dos montes mais altos.
Jamais poderíamos esquecer a veemência e a fé com que Jesus enunciava os seus ensinamentos, ainda prematuros e arrojados aos judeus subordinados à sua crença dogmática mosaísta. A gente da Galiléía, rude e ignorante, mas dotada de sentimentos compassivos, sublimava-se ante a predica do seu querido Rabi, pois ele realmente vivia em si mesmo aquilo que ensinava. Não era um sistema político, nem filosófico; porém, doutrina moral e religiosa, que tocava o coração e pedia a aprovação.do sentimento, muito antes do raciocínio da mente.
Quando retomamos para Alexandria e consultamos os nossos maiorais a respeito das atividades do Rabi Jesus, que tanto nos havia impressionado, todos eles foram unânimes em confirmar que, malgrado a sua aparente insignificância na época, na realidade ele era o maior revolucionário espiritual descido à Terra, a fim de sintetizar os ensinamentos dos seus precursores e redimir a humanidade!


(Do Livro: “O Sublime Peregrino” Ramatís/Hercílio Maes – Editora do Conhecimento)

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