Sabedoria Ramatis

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sexta-feira, 16 de março de 2012

História de Tertuliano l parte.









“Tertuliano nasceu em família pobre, de pequenos agricultores. Desde pequeno apresentou espírito refratário ao meio que o abrigou. Fazendo parte de uma prole extensa, nunca foi de dividir com os onze irmãos quaisquer utensílios, brinquedos ou tarefas.
Tendo que acordar de madrugada desde garoto para trabalhar na roça, cada vez que era sacudido pelo pai - homem austero que trazia sempre à mão a cinta ou a chibata como "bom" corretivo - revoltava-se e se negava a sair da cama, principalmente nos dias de frio intenso do inverno sulino. Não poucas vezes o patriarca jogou-o ao chão e com uma das pernas retendo-o pela cabeça embaixo da bota o açoitava, botando-o a trabalhar com os pés descalços no campo coberto de grossa camada de orvalho matinal, congelado pelas baixas temperaturas do pampa gaúcho.
Dessa maneira ele foi crescendo, entre a rebeldia e surras do pai que só lhe aumentavam a revolta. Não aceitava ter que trabalhar daquele modo e o fato de não ser rico. Prometia para si que assim que tivesse idade sairia de casa e nunca mais voltaria.
Por volta dos dezessete anos se alista nas forças armadas, na Aeronáutica. Tendo feito Escola de Aprendizes de Sargento, se aperfeiçoa em treinamentos internos, chegando em alguns anos ao posto de primeiro-sargento, resolvendo seguir carreira militar. Casa-se e tem dois filhos, um casal. o leva a se interessar pelas coisas do Além. De inteligência brilhante, rapidamente absorve todos os conhecimentos kardequianos em pequeno centro espírita. Torna-se efetivo médium psicógrafo, receitando homeopatia, o que era habitual pelos idos de 1950.
Atormentava-o uma curiosidade inata que o deixava muito inquieto. Começa a estudar magia e se interessa pela Umbanda, o que o leva a freqüentá-la concomitante com o trabalho espírita. Percebendo seus"dons"mediúnicos e a facilidade de intercâmbio com os Guias e
Protetores, Caboclos e Pretos Velhos, seguidos de curas fenomenais para a época, começa a se envaidecer com os seguidos elogios dos consulentes. Um agrado aqui, um elogio acolá, sente-se onipotente, indispensável. Resolve trabalhar com reduzidas pessoas na garagem da sua residência, e começa a receber dinheiro pelos atendimentos e consultas.
Diante da necessidade de resultados e da cobrança insistente dos consulentes que pagavam e queriam o serviço feito, acaba se entregando completamente à magia negra, com sacrifícios cada vez maiores de animais, perdendo-se inteiramente no completo desrespeito às leis cósmicas, ao livre-arbítrio alheio e ao merecimento individual de cada criatura.
Há muito os Guias e Protetores se haviam afastado, não por falta de amor pelo médium, mas por completa incapacidade vibratória para aproximarem-se do dedicado aparelho de outrora, que estava chafurdado num mar de lama pútrida, nas malhas de pesada organização do umbral inferior.
E assim passaram-se os anos. Tertuliano se aposentou das Forças Armadas e nunca conseguiu ser rico como tanto almejava. Em completa perturbação, separado da esposa e os filhos crescidos, o mais velho já casado, termina seus dias sozinho, em completa dementação, sem dormir e muito magro. Fica noites seguidas como se fosse um autômato sem vontade, um robô teleguiado, e é visto altas horas da madrugada abrindo buracos no cemitério da pequena cidade que o abrigou, ao lado da igreja, na praça principal. Tertuliano reside à frente desse templo católico, numa casa muito simples de madeira, nas cercanias da região metropolitana da Grande Porto Alegre.
Para espanto geral da pequena comunidade muito beata, rola na terra úmida perto das sepulturas, e com olhar petrificado, corta o pescoço de um cabrito, tomando o sangue quente que verte abundante. Poucos dias após esta cena deprimente, morre de fulminante infarto agudo do miocárdio, sozinho, magro e desnutrido, completamente louco.
Antes de sabermos o que ocorre com Tertuliano quando acorda do lado de lá, é oportuno identificarmos a sua encarnação anterior, em que foi um poderoso médico e rico alquimista na Espanha do século XVIII. Profundo conhecedor das ciências ocultas, utilizou ao máximo o poder alquímico para dominar e enriquecer, tendo fundado uma espécie de seita satânica, em que as longas orgias eram precedidas de rituais de magia negra com sacrifícios de belas donzelas em tenra idade...”


(Origem: Do Livro “Jardim dos Orixás” – Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)

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